
Pesquisadores reunidos em uma das iniciativas que originou o IPAM (Acervo IPAM)
Os 30 anos do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em 2025 marcam uma história de amor pela Amazônia e, mais recentemente, pelo Cerrado brasileiro.
Essa história começou em Belém, no Pará, no dia 29 de maio de 1995, com um grupo de pesquisadores que desejavam colocar a ciência para funcionar em prol da conservação e do desenvolvimento sustentável.
Naquele mesmo ano foi ratificada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a UNFCCC, em prol de uma agenda com a qual o IPAM se conectaria muitas vezes a partir dali.
O IPAM nasce da junção de três iniciativas: 1) um convênio da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Amazônia Oriental com a organização internacional então chamada Woods Hole Research Center, hoje Centro de Pesquisa Climática Woodwell; 2) o projeto Várzea, em Santarém (PA); 3) e um projeto organizado pelo professor José Benatti, da UFPA (Universidade Federal do Pará), relacionado a direitos de populações amazônidas.
Curiosidade e conhecimento costurado em muitas mãos alçaram o Instituto à posição de credibilidade global: o que o IPAM fala, escreve e publica é utilizado pela sociedade, por empresas, governos e organismos nacionais e internacionais.
É possível dizer que são poucas as instituições privadas, independentes e propositivas que se mantêm com estas caraterísticas por tanto tempo.
Meses depois de fundado o IPAM, a então recém-formada Ane Alencar, hoje diretora de Ciência do Instituto, engatou em uma pesquisa sobre os incêndios florestais no Arco do Desmatamento e deu início ao mapeamento das cicatrizes de fogo na Amazônia.
O senso comum da época ditava que o fogo na região era mito. O trabalho de Alencar viria a mostrar o contrário: a floresta estava queimando e o fogo era causado por ação humana.

Primeiros estudos com áreas queimadas envolveram câmera amarrada a uma pipa (Acervo IPAM)
As primeiras experiências de estudos em áreas queimadas na Amazônia demandaram criatividade. Uma câmera acoplada a uma pipa foi usada por Alencar e pesquisadores, em 1997, para tentar medir quanto tempo o pasto queimado levava para se recuperar.
O improviso envolvia, ainda, duas estacas de madeira do mesmo tamanho, pintadas de vermelho, seguradas em forma de cruz. Na hora da foto – quando a pipa empinava – os pesquisadores saiam correndo para se posicionar e simular uma escala, com a qual poderiam calcular as distâncias capturadas na fotografia.
Moldando políticas de manejo do fogo
Em 30 anos de IPAM, as pesquisas científicas e a produção de dados sobre incêndios vegetacionais no Brasil se consolidaram como indicadores da saúde dos ecossistemas e como norteadores para as políticas públicas.
Clique para se aprofundar no trabalho do IPAM sobre o fogo.
Os destaques desta história incluem a publicação do livro “Floresta em Chamas”, em 1999. Reunindo os resultados dos estudos de mapeamento do fogo e suas cicatrizes na Amazônia, a obra foi uma das bases para a criação de programas como o Prevfogo, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A criação do primeiro modelo de risco de incêndios na paisagem amazônica tornou possível entender a dinâmica do fogo em larga escala no bioma. Mais: mostrou as perdas econômicas associadas à falta de prevenção. O trabalho subsidiou leis pela realização de queimas controladas por comunidades e fazendas, evitando o escape das chamas.
Formações e cursos sobre o manejo do fogo na Amazônia se tornaram frequentes na programação do IPAM. Participação em eventos e mesas de decisão sobre o tema também.
Um dos maiores e mais longevos experimentos sobre fogo no Brasil é monitorado até hoje na Estação de Pesquisa Tanguro, mantida pelo IPAM em parceria com a Amaggi. De 2004 a 2010, queimas diferentes em áreas selecionadas revelaram os impactos na biodiversidade e quanto tempo a floresta leva para se recuperar.
Integrar a construção do consórcio MapBiomas, em 2015, enriqueceu o trabalho do Instituto com o mapeamento mensal e anual de área queimada e das cicatrizes de fogo.
Na perspectiva das emissões, advindas não somente do fogo, mas do setor de mudanças de uso da terra – que compreende também o desmatamento – a contribuição do Instituto no SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa) alimenta, desde 2013, uma das maiores bases de dados de emissões no mundo.
Colocando florestas no debate sobre mudanças climáticas
O fim do século 20 ainda alimentava mitos sobre a Amazônia, como o de ser “pulmão do mundo” ou o de ter “solos pobres”. A pesquisa desenvolvida pelo IPAM contribuiu para o entendimento sobre o bioma, mostrando as especificidades das múltiplas Amazônias, suas populações e os benefícios da floresta para o clima.

Estudo do IPAM foi o primeiro a comprovar que as raízes amazônicas são profunda (Acervo IPAM)
Cavar buracos em forma de retângulo com até 20 metros de profundidade fez parte da pesquisa que derrubou um outro mito: de que as raízes da Amazônia não passavam do primeiro metro abaixo do solo.
Os pesquisadores tinham que usar cilindros de oxigênio para fazer a “escalada ao contrário”, com treinamentos em rapel. Coletavam material, levavam ao laboratório para lavar e contar as raízes finas.
Descobriram que boa parte da manutenção das folhas na floresta amazônica durante a seca vinha desta característica até então desconhecida: a capacidade de captação da água por raízes profundas.
A pesquisa, situada em Paragominas (PA), foi seguida por boatos. Nas idas para a cidade depois do dia de campo, os cientistas eram questionados sobre a quantidade de ouro que teriam encontrado para estar ali. Foi então que Paulo Moutinho e Daniel Nepstad, cofundadores do IPAM trabalhando no estudo, decidiram iniciar um projeto educativo convidando escolas públicas para visitas. O falatório esfriou.

Paulo Moutinho, cofundador e cientista sênior do IPAM, recebia em sua casa a reunião de planejamento estratégico do Instituto em 1997 (Acervo IPAM)
Moutinho esteve no cerne da concepção do conceito de REDD+, que une a redução compensada de emissões por desmatamento e degradação florestal com atividades de conservação e manejo florestal sustentável.
Desde as propostas iniciais por uma ideia de “desmatamento evitado” até a adoção do REDD+ como mecanismo dentro da UNFCCC, em 2009, foram anos de trabalho e negociações nas conferências do clima.
Lembre as três décadas de IPAM nas COPs, as conferências globais do clima.
A contribuição central deste mecanismo está na valorização de florestas tropicais, na Política Nacional sobre Mudança do Clima, por exemplo, como parte da resposta para a mitigação das mudanças climáticas e do aquecimento global.
Este é um raciocínio comumente presente nos debates atuais, mas que não estava dado antes no circuito do clima, até mesmo em marcos como a Rio-92 ou o Protocolo de Kyoto. A assinatura da Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso do Solo por mais de 100 países, em 2021, também é um marco resultante deste processo.
Como uma instituição de atuação ampla, o IPAM expande o caráter conservacionista para incluir as pessoas na conservação. Levar em conta os interesses de povos e comunidades tradicionais, bem como de governos e empresas, desde que alinhados com a manutenção da natureza, tornou-se parte da equação pelo desenvolvimento compatível com a vida.
Saiba mais sobre o apoio do IPAM ao REDD+ Jurisdicional nos Estados amazônicos.
Outro experimento que agregou ao debate sobre florestas e clima foi o Seca Floresta, realizado em sua primeira edição em Santarém (PA), agora remontado com o nome de Seca Limite e em andamento na Estação de Pesquisa Tanguro. O objetivo é avaliar o impacto de secas extremas na biodiversidade e os cientistas fazem isso com uma barreira física: impedindo que a chuva chegue ao chão da floresta nas áreas de estudo.

Painéis cobriram o chão da floresta em experimento sobre a seca (Acervo IPAM)
Monitorando o desmatamento
Calcular o desmatamento projetado pela pavimentação de rodovias como a BR-153 (Belém-Brasília) e a BR-230 (Transamazônica) esteve entre as missões do IPAM nos primeiros anos de atuação.
O programa Cenários para a Amazônia criou um modelo de simulação do desmatamento da Bacia Amazônica em diferentes condições. O cenário “o mesmo de sempre”, sem governança e fiscalização, estimou o desmatamento de até 85% da cobertura florestal original frente à expansão da infraestrutura.
A discussão em torno do ordenamento territorial cresceu e outro programa do IPAM, o Planejamento Regional, teria papel fundamental na escuta da população dos municípios ao longo das estradas que poderiam ser asfaltadas.

Oficina de mapeamento participativo no município de Trairão ao longo da BR-163 (Acervo IPAM)
Resultado da junção entre o conhecimento técnico e o diálogo sobre as demandas da região, o livro “Desmatamento na Amazônia: Indo Além da Emergência Crônica” tornou-se a segunda publicação do tipo no Instituto.
O trabalho ao longo dos anos levou o tema do desmate ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), contribuindo para a criação do Programa Assentamentos Verdes. Isso porque o IPAM mostrou que uma pequena porção de assentamentos rurais era responsável por grandes áreas desmatadas na Amazônia, indicando que, não necessariamente, as supressões seriam de autoria de assentados.
Mas a derrubada em outra categoria fundiária da Amazônia também chamou a atenção dos pesquisadores: as florestas públicas não destinadas. Áreas de domínio público griladas que precisavam – e precisam – de uma destinação concentravam o desmatamento no bioma.
Leia mais sobre as florestas públicas não destinadas.
A ampliação do monitoramento para o bioma Cerrado ensejou o lançamento do SAD Cerrado (Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado), em 2022. Um reforço para a atuação do IPAM no tema, que compreende ainda as iniciativas inter-institucionais do Relatório Anual do Desmatamento e do MapBiomas Alerta.
Ajudando a criar e manter áreas protegidas
O Mosaico de Áreas Protegidas da Terra do Meio reúne terras indígenas e unidades de conservação em 8,5 milhões de hectares na zona de transição entre a Amazônia e o Cerrado na Bacia do Rio Xingu.
Sua concepção a muitas mãos envolveu o IPAM em um trabalho coletivo da sociedade civil para realizar o levantamento que daria origem à proposta de mosaico.

Pesquisadores do IPAM e parceiros em viagem no Rio Iriri para entrevistar comunidades visando a criação do Mosaico de Áreas Protegidas da Terra do Meio (Acervo IPAM)
A atuação no ordenamento territorial na região também abriria um leque para o Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Área de Influência da BR-163, com a criação de mais áreas protegidas, como as Reservas Extrativistas Verde para Sempre e Tapajós-Arapiuns.
Em 2018, anos de experiência com áreas protegidas na Amazônia culminaram no lançamento do SOMUC (Sistema de Observação e Monitoramento de Unidades de Conservação), com o objetivo de fornecer informações para apoiar a gestão dos locais, bem como ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Veja como a adaptação e a resiliência climática se aplicam às populações amazônidas.
Dialogando sobre acordos de pesca
A aplicação da ciência em soluções de larga escala pensadas para os territórios e em diálogo com múltiplos atores vem dessa capilaridade do IPAM desde sua concepção.
Foi por meio de levantamentos com a população que o Instituto fundamentou a criação dos primeiros assentamentos ribeirinhos da Amazônia.
Mesmo antes de ter um nome e organização institucional, a equipe já atuava por meio do Projeto Várzea, no âmbito do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA (Universidade Federal do Pará), com comunidades ribeirinhas para entender o uso sustentável dos recursos naturais, praticado por elas.
Desde a primeira oficina, em 1990, até a conclusão em 1995, foram realizadas pesquisas e formações de lideranças ribeirinhas na região do Baixo Amazonas no Pará. O trabalho resultou na formalização de uma parceria com o Incra para a continuidade das atividades de cogestão, organização e destinação dos territórios em assentamentos agroextrativistas.

Alcilene Cardoso, pesquisadora do IPAM, em visita à comunidade ribeirinha Pixuna do Tapará para levantamento de dados em 1996 (Acervo IPAM)
Instruções normativas do Ministério do Meio Ambiente no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, como a IN 29, sobre acordos de pesca e de manejo dos lagos, tiveram base no trabalho do IPAM na área. Tais ações também inspiraram a criação do Pró-Várzea pelo Ibama e a formalização de acordos de pesca em todo o Brasil.
Nos primeiros dez anos de atuação com comunidades ribeirinhas, o IPAM entregou 15 projetos básicos de ordenamento territorial, com planos de utilização como base técnica para destinação das áreas, beneficiando mais de 15 mil famílias ocupantes tradicionais.
Transformando a agricultura familiar
Está no DNA do IPAM trabalhar na ponta: desde sua raiz até hoje, é uma das poucas instituições que consegue testar no nível micro e escalonar para o nível macro as soluções encontradas por meio da ciência e do diálogo.
A atuação inicial era focada no manejo do fogo por agricultores, com a realização de oficinas, formalização de acordos de queimadas e avaliação dos impactos das chamas nos assentamentos.
O IPAM intensificava iniciativas de prevenção de incêndios enquanto investia em trabalhos de recuperação de áreas degradadas ao longo da Transamazônica. As viagens para entrega de mudas na região, não raro rendiam em caminhonetes atoladas devido às chuvas do inverno amazônico.

Lucimar Souza (segunda à direita), diretora de Desenvolvimento Territorial do IPAM, com equipe atolada na vicinal de Uruará, na Transamazônica, em 2010 (Acervo IPAM)
Mesmo somando, em 2025, mais de 1 milhão de mudas plantadas em prol da restauração florestal, a inquietação permanecia como motor do Instituto. Afinal de contas, era necessário pensar em alternativas econômicas, para os produtores rurais, à queima e à exploração madeireira que estava em seu auge na época.
Ainda no começo dos anos 2000, o projeto Oficinas Caboclas do Tapajós incentivava a produção de móveis a partir da madeira morta, por meio do manejo comunitário florestal. Com a venda dos produtos em feiras locais de Santarém (PA), depois nacionalmente, as comunidades tiveram aumento de 50% na renda.
O caminho se acirrava para que o IPAM mergulhasse de cabeça em um trabalho que transformaria a visão sobre a produção familiar rural na Amazônia.
Entre 2012 e 2017, o PAS (Projeto Assentamentos Sustentáveis na Amazônia) aumentou em 135% a renda bruta dos produtores, ao mesmo tempo em que reduziu em 76% o desmatamento nos lotes – esses, somados, ocupam uma área de 1,4 milhão de hectares.

Mais de 2,7 mil famílias participaram do PAS (Thiago Foresti/IPAM)
Tais resultados, premiados pelas Nações Unidas, comprovam que é possível conciliar o aumento da produtividade rural e da renda com a conservação. A partir da regularização fundiária e ambiental, da valorização econômica da floresta, com assistência técnica rural, agregação de valor às cadeias produtivas e fortalecimento das capacidades de gestão.
Com inspiração semelhante, o Projeto Negócios Familiares Sustentáveis contribuiu para o aumento de 61% na renda bruta de 350 famílias agricultoras por meio do manejo sustentável, aliado à proteção das florestas, entre 2018 e 2020.
Experiência e conhecimento acumulados na área foram inseridos na contribuição do IPAM para a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais e a proposta de regulamentação da lei 14.119/2021.
Caminhando junto aos povos indígenas
A junção entre a ciência, o trabalho com as populações amazônidas e a proteção de direitos é que confere ao IPAM o caráter que tem hoje.
Os povos indígenas estão no cerne de qualquer discussão climática e socioambiental. E é por isso que o Instituto caminha ao lado de organizações, associações e lideranças indígenas, visando integrar conhecimentos e respostas à emergência climática.
Nas terras indígenas, segundo estudo do IPAM, a temperatura média anual chega a ser 5°C mais fresca que a registrada em áreas agropecuárias, por exemplo. Isso faz dos territórios protegidos por povos originários o “ar-condicionado do Brasil”.
Como um dos primeiros observadores das COPs do Clima a levar em sua delegação representantes de povos indígenas, o IPAM passou a realizar cursos sobre os temas das negociações com foco nas populações originárias.
Desde os anos 2000 são realizados seminários de construção coletiva, que contribuíram para a formação de lideranças climáticas entre os povos. Estas, passaram a multiplicar as vozes indígenas nas instâncias de debate nacional e internacional.
Enquanto uma frente de atuação era voltada para as pessoas, outra contava com o aprimoramento da tecnologia. O SOMAI (Sistema de Observação e Monitoramento da Amazônia Indígena), que completou dez anos em 2024, monitora em mais de 60 milhões de hectares de terras indígenas amazônicas a presença de empreendimentos e mineração, além de desmate, fogo, seca e chuva, por exemplo.

Oficina sobre mudanças climáticas, resíduos sólidos e água na terra indígena Raposa Serra do Sol em 2017 (Adriana Bittar/IPAM)
Na esteira veio o aplicativo de celular gratuito ACI (Alerta Clima Indígena), desenvolvido pelo Instituto em parceria com organizações indígenas para mapeamento e inserção de informações para a gestão do território.
Cerca de 182 organizações indígenas e mais de 700 pessoas utilizam as ferramentas, em constante atualização a partir do retorno que vem de sua utilização nos territórios. Os dados são protegidos e sigilosos, divulgados de maneira agregada para expor a realidade das terras indígenas da Amazônia e em prol de ações efetivas para e com suas populações.
Engajando grandes produtores rurais
O caminho para a produção rural sustentável, em equilíbrio com a natureza e em conformidade com um planeta habitável no futuro, passa pelo engajamento de pequenos, médios e grandes produtores.
No ensejo da compreensão de algumas lideranças do agronegócio brasileiro sobre os riscos impostos ao setor pelas mudanças climáticas, o IPAM passou a ocupar espaços de diálogo com o agro há cerca de 20 anos.
O caráter propositivo do Instituto, encabeçado pela direção executiva de André Guimarães, levou ao desenvolvimento de mais uma solução: desta vez, focada em diminuir o desmatamento em grandes propriedades da Amazônia e do Cerrado.
Com o CONSERV, mais um “tabu” foi colocado à prova pelo Instituto. O mecanismo financeiro que remunera produtores rurais para manterem a vegetação que poderiam, por lei, suprimir, tem como frutos mais de 26 mil hectares protegidos e a emissão evitada de 2,3 milhões toneladas de gás carbônico.
Saiba mais sobre a economia de baixo carbono na produção rural.
Em visita a uma das áreas contratadas pelo CONSERV em propriedade no Estado de Mato Grosso, durante a pandemia de Covid-19, em 2021, o diretor executivo do IPAM André Guimarães viu de perto um caminhão pipa, para a brigada de incêndio local, que o produtor rural havia custeado com o apoio do projeto.
O CONSERV entrou em uma nova fase em 2024 e passa a oferecer assistência técnica rural, promovendo boas práticas no uso da terra com aumento da produtividade.

André Guimarães, diretor executivo do IPAM, em visita à propriedade com área contratada pelo CONSERV, durante a pandemia de Covid-19 (Sara Leal/IPAM)
Olhando para as múltiplas dimensões da Amazônia e do Cerrado, bem como seus desafios, o IPAM vem mostrando, para diversos setores, que a proteção dos biomas é parte positiva da equação que compõe a sustentabilidade do planeta.
Ao considerar os interesses sociais e econômicos que pairam sobre a natureza, o Instituto consegue promover soluções abrangentes e inclusivas para a redução sustentada do desmatamento e dos incêndios, com justiça climática e benefícios para todos.
Hoje, graças a relatos e depoimentos compartilhados, é possível dizer que uma parte do agronegócio pensa duas vezes antes de desmatar porque existem iniciativas como o CONSERV.
O trabalho do IPAM é justamente o de colocar “uma pulga atrás da orelha” de grupos que são chave para o avanço do país na agenda climática. Mostrando, com base na ciência e na prática, que o crescimento e a prosperidade econômica só podem ocorrer, verdadeiramente, no mundo em equilíbrio.
Promovendo mudanças à altura dos desafios
O trabalho do IPAM permeou e permeia múltiplas áreas, resultando em contribuições na produção de conhecimento teórico e prático junto a diversos setores da sociedade.
Mas o alcance externo não seria possível sem uma sólida estrutura interna para direcionar a atuação do Instituto. Ao longo de seus 30 anos, o IPAM passou por transformações que promoveram mudanças e o colocaram cada vez mais à altura dos desafios.
Foi pouco antes de seu aniversário de 20 anos que um desses momentos-chave ocorreu, criando a visão organizacional que persevera até hoje no Instituto.
A diretoria executiva na época era chefiada por Paulo Moutinho, cientista sênior e cofundador do IPAM, que enxergou a necessidade de um novo passo: depois de um processo que envolveu a contratação de uma consultoria externa e um edital aberto ao público, André Guimarães assumiu a cadeira da diretoria institucional.
O agrônomo com passagens por organizações nacionais e internacionais encabeçou a reestruturação dos eixos de atuação do IPAM para direcionar ações efetivas e focadas em soluções de larga escala.
Assim, foram definidos os três grandes eixos que guiam o trabalho do IPAM desde então: Produção Familiar Sustentável, Territórios Naturais Protegidos e Agropecuária de Baixo Carbono. Os projetos de pesquisa, de desenvolvimento territorial e a incidência política do Instituto estão distribuídos e orientados a partir destes caminhos.
Soma-se a esse planejamento institucional a estratégia de apoiar diretamente tomadores de decisão, sejam atores políticos, lideranças de povos indígenas e comunidades tradicionais, médios e grandes produtores rurais.
Tais agentes são capazes de multiplicar benefícios não apenas aos seus grupos, mas a cadeias da produção sustentável e da bioeconomia, por exemplo, e é por isso que atuar ao lado de quem toma decisões é uma das principais frentes de trabalho do IPAM.
Ainda, o investimento em Comunicação nos últimos dez anos, seguindo as diretrizes da mesma reestruturação institucional, fez com que o IPAM se tornasse um Instituto conhecido na sociedade e na mídia, para além de já ser reconhecido entre pares e parceiros.

Encontro anual do IPAM realizado em 2024, com equipes de todos os escritórios (Foto: Rafael Coelho)
Celebrar três décadas de vida é reconhecer os desafios superados e os avanços conquistados por uma instituição que se tornou referência no Brasil e no mundo. É lembrar, também, as centenas, senão milhares de pessoas, que fazem parte desta trajetória.
No passado, temos a chance de revisitar aprendizados e aplicá-los com vistas ao futuro, permeado de novos desafios. O IPAM segue investindo em pesquisa, projetos e ações com foco no desenvolvimento territorial e na aplicação em políticas públicas, pensando não apenas nos seus próximos 30 anos, mas no bem-estar da vida na Terra a longo prazo.
O aniversário do IPAM em 2025 é marcado por uma série de conteúdos e ações. Acompanhe no site e nos perfis @ipam_amazonia nas mídias sociais.
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