O Jardim de Sequeiro da Universidade de Brasília (UnB) é uma iniciativa idealizada a partir da colaboração da prefeitura da universidade e da Faculdade de Agronomia e voltada para a pesquisa e conservação de espécies nativas do Cerrado. Usando técnicas tradicionais de coleta e preparo de sementes, o jardim promove a restauração ecológica, preservação de espécies nativas do bioma e um planejamento urbano mais sustentável.
Criado em 2020, durante a pandemia de Covid-19, o projeto já recebeu premiações internacionais durante a V Bienal Latino-americana de Arquitetura de Paisagem, realizada no México, por conta da sua visão inovadora do paisagismo no Brasil. Em 2023, foi convidado pelo instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais, para compor o acervo paisagístico do museu e ocupar uma área com mais de 20 espécies nativas do Cerrado.
A ideia inicial era criar um projeto inovador de jardim nativo no centro do Instituto Central de Ciências, maior prédio da Universidade de Brasília, integrando as características do prédio e do Cerrado, como o sol forte e o ar seco, à organização das plantas de forma sustentável.
“São 5 mil metros quadrados sobre laje, sem irrigação e com pouquíssima água no solo, então as plantas não podem formar raízes muito profundas. Essa área estava sem solução porque tinha sido perdida em uma seca, sem mão de obra destinada e com a UnB passando por uma restrição orçamentária. Então a gente pensou num jardim que pudesse ser muito barato e fácil de fazer, que não precisasse de água e nem de comprar plantas. Para isso a gente usou técnicas que estavam sendo desenvolvidas dentro dos viveiros da própria universidade”, explica Julio Pastore, coordenador e idealizador do projeto.
O projeto já conta com 35 participantes, entre professores, estudantes e voluntários, e trabalha com dezenas de plantas em seus esquemas, unindo elementos clássicos do paisagismo e espécies variadas de flores e plantas, incluindo espécies comestíveis. Além da valorização das espécies locais do Cerrado, o projeto também busca construir sistemas que possam atrair polinizadores e outros insetos, além de plantas que trabalhem juntas para garantir um florada constante, baixa manutenção e um equilíbrio natural.
Durante o inverno, são realizadas as oficinas de coletas de sementes, artesanato e manejo de mudas, reproduzindo técnicas tradicionais do bioma. Além de pessoas internas da UnB, participam das atividades paisagistas voluntários, aposentados, estudantes de ensino médio e pesquisadores de outras instituições.
“A importância local do projeto é que ele coroa a parte acadêmica e a parte administrativa da universidade. O projeto também ganha uma importância para além de Brasília porque desenvolve um sistema de paisagismo que contribui para renovação tanto dos valores estéticos quanto nas técnicas de paisagismo mais sustentáveis nas áreas públicas e privadas”, completa Julio.