Karina Custódio*
Sete Estados brasileiros têm acordo de cooperação firmado com o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa) para o uso de seus dados e agora contam com uma nova ferramenta para facilitar o planejamento de políticas climáticas.
Lançada nesta quarta-feira (4), a “ficha territorial” do SEEG facilita o acesso aos dados de emissão de gases do efeito estufa em nível estadual, municipal e por bioma. Com as fichas territoriais, é possível ter acesso a um relatório completo com o registro de emissões e remoções de gases por território e setor (agropecuária, mudança e uso da terra e floresta, energia, resíduos e processos industriais).
Alagoas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro e São Paulo celebraram acordo de cooperação técnica firmado com o SEEG, que permite o uso oficial dos dados da plataforma. O lançamento das fichas territoriais facilita a criação de relatórios customizados baseados nos dados do SEEG.
“A iniciativa dos Estados demonstra o interesse e a proatividade em contribuir para a agenda climática. O governo federal precisa da participação de todos os entes federativos para conseguir avançar nas suas estratégias de mitigação”, afirma Barbara Zimbres, pesquisadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
“O acordo de cooperação técnica firmado entre Alagoas e o SEEG foi um passo importante para o acesso aos dados de emissões de gases de efeito estufa do Estado. Identificar as principais fontes e os setores emissores é fundamental para o desenvolvimento de políticas de descarbonização, permitindo realizar os investimentos necessários em tecnologias sociais e inovação de forma direcionada para implementação da gestão climática e redução das emissões”, declara Marianna Farias, gerente de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade do IMA (Instituto do Meio Ambiente) de Alagoas.
Panorama de emissões
O Brasil é o quinto maior emissor global e, conforme dados do SEEG, 50% das emissões do país estão associadas ao desmatamento de florestas. A NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) brasileira estabelece uma redução de 59% a 67% nas emissões até 2035, em relação a 2005, sendo que a contribuição dos Estados para as emissões anuais brasileiras varia de 6 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente, no caso do Amapá, a 312,3 milhões de toneladas de CO² equivalente, no caso do Pará.
O SEEG é uma ferramenta criada em 2013 que reúne dados de emissões de gases do efeito estufa desde 1970, apontando suas origens e recomendando estratégias para sua redução. A plataforma é uma iniciativa do OC (Observatório do Clima), rede de organizações da qual o IPAM é um dos membros fundadores. No SEEG, o IPAM coordena a produção de dados de mudanças de uso da terra e florestas.
Analista de comunicação*
Foto de capa Rafael Coelho/IPAM*