Festival de Chocolate e Cacau: histórias de sucesso e sustentabilidade

17 de junho de 2024 | Notícias

jun 17, 2024 | Notícias

Quem visitou o Centro de Eventos de Altamira entre os dias 13 e 16 de junho pôde aprender, compartilhar e se deliciar com os diversos sabores de produtos oriundos do cacau durante o Festival Internacional do Chocolate e Cacau 2024. Entre os espaços mais disputados estava o da Feira do Chocolate, onde se localizava o estande do projeto Sustenta & Inova, realizado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em parceria com o SEBRAE-PA. 

Dos 20 empreendimentos apoiados pelo projeto, 10 expuseram seus produtos na feira, seis no estande específico do Sustenta & Inova e quatro com estandes individuais. No espaço do projeto, Valdete Prado, 56 anos, produtora de cacau de Senador José Porfírio (PA), compartilhou sua trajetória de agricultora a empreendedora com sua marca, “Chocolate da Val”. 

Valdete começou a produzir cacau em 2012, mas foi só em 2023 que decidiu dar um passo além e começar a fabricar seus próprios produtos de cacau. “Eu vendia só o cacau, mas no ano passado, após participar de um evento em Belém, percebi o potencial do fruto e comecei a aproveitar tudo dele,” relatou Valdete.  

A visita a estandes e treinamentos abriu seus olhos para a diversidade de produtos que podia criar, como cacau em pó, barras de chocolate, geleias e mel. Na propriedade de Valdete, o SAF (Sistema Agroflorestal) é a chave para a sustentabilidade. Além do cacau, ela cultiva banana, abacate, laranja, coco, cumaru e castanha, e ainda cria aves e porcos. “A produção diversificada é essencial, porque o cacau só dá em um período do ano. Então, precisamos de outras fontes de renda”, explicou.  

Essa abordagem não só garante a segurança financeira, mas também promove a conservação ambiental. 

Empreendedorismo familiar 

A marca “Chocolate da Val” é um empreendimento familiar, envolvendo seus filhos e marido. Para ela, o envolvimento da família fortalece os laços, gera emprego e melhora a qualidade de vida da comunidade local. 

O IPAM, por meio do projeto Sustenta & Inova, tem sido fundamental para o sucesso de Valdete. O projeto visa beneficiar 250 famílias de agricultores e 20 empreendimentos coletivos e familiares, além de apoiar as gestões municipais de meio ambiente e agricultura em seis municípios da região Transamazônica. 

De acordo com Ana Júlia Moreira, Técnica de Pesquisa do IPAM, o objetivo geral é desenvolver e implementar práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras, além de promover o desenvolvimento das cadeias de valor na Amazônia brasileira. “Nosso foco é na conservação da biodiversidade; redução do desmatamento e restauração da paisagem; mitigação e adaptação às mudanças climáticas; e redução do desmatamento”, afirmou. 

Impacto na comunidade 

Valdete transformou sua vida e a de muitas outras pessoas. Empregando dez trabalhadores, seu empreendimento beneficia diretamente dez famílias da região. “Cada emprego criado é uma melhoria na vida de muitas pessoas” destaca Valdete. 

A história de Jeovana Lunelli 

Jeovana Lunelli, produtora de cacau orgânico e proprietária da Cacau Xingu, também esteve com sua marca na feira. Criada em um ambiente de economia familiar e sistema agroflorestal, Jeovana transformou sua tradição familiar em um negócio próspero, levando os chocolates da sua marca a novos patamares de qualidade e reconhecimento. 

Jeovana iniciou sua jornada na cacauicultura ainda na infância, inspirada por sua mãe. “Meu primeiro chocolate fiz com minha mãe quando tinha nove anos. Era 100% cacau, enrolado em folha de cacau”, lembra . Esse início humilde foi um marco importante, pois o chocolate não era apenas para consumo familiar, mas uma garantia de soberania alimentar. A paixão pela produção de chocolate de alta qualidade nasceu ali, durante um curso em que as mulheres da comunidade compartilhavam os produtos de suas propriedades. 

Desafios e conquistas 

Em 2017, Jeovana decidiu dar um passo decisivo em direção ao seu sonho de produzir chocolate fino. “Comprei uma máquina da China, mesmo com todos dizendo que não chegaria”, contou. Contra todas as expectativas, a máquina chegou, e ela começou a desenvolver suas receitas. Com dedicação e pesquisa, ela aprimorou suas técnicas, participando de cursos especializados como os oferecidos pela Castelli. 

O primeiro festival que participou em Altamira foi um divisor de águas. “Levei 700 barrinhas de chocolate feitas com uma máquina de 4,5 kg e 4 forminhas, produzindo 16 barrinhas por vez”, relembra. Trabalhando dia e noite, ela conseguiu sucesso no festival e, a partir daí, sua marca começou a ganhar notoriedade. A Cacau Xingu começou a atrair clientes de várias partes do Brasil, incluindo Brasília, o que impulsionou o crescimento da empresa. Hoje, a Cacau Xingu está em constante crescimento. Jeovana já adquiriu mais máquinas e continua expandindo sua capacidade de produção. 

Feira e reconhecimentos 

O evento encerrou no domingo e, segundo dados da organização, cerca de 150 mil pessoas passaram pelos corredores do Centro de Eventos, assistindo a espetáculos artísticos e adquirindo produtos de cacau, artesanato e outros. Dos empreendimentos parceiros do projeto, dois foram premiados: Kakao Blumen Chocolate conquistou o primeiro lugar na categoria “Inovação”, com o chocolate com jambu, além do terceiro lugar na categoria “Chocolate Intenso”, com sua barra 70%; a COOPATRANS (Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica), com sua fábrica CacauWay, conquistou o terceiro lugar na categoria “Chocolate ao Leite” com o chocolate 50%. 



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

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