Valorização de cadeias produtivas e rastreabilidade são temas de seminário

14 de novembro de 2018 | Notícias

nov 14, 2018 | Notícias

Representantes de empresas, governo, sociedade civil e comunidades extrativistas se reuniram para debater sobre mecanismos de diferenciação para produtos da sociobiodiversidade na Amazônia. Foi discutido como alavancar os mais variados produtos que um país consegue produzir respeitando os agricultores locais e investindo nas cadeias produtivas – sistema integrado que envolve processos, como produção, comercialização e consumo. O seminário “Diferenciação e rastreabilidade para produtos da sociobiodiversidade da Amazônia” aconteceu nos dias 12 e 13 de novembro, em Brasília.

Durante o seminário, além de palestras e apresentações de experiências bem sucedidas, os participantes debateram sobre os principais desafios e oportunidades de cadeias produtivas como açaí, óleos, borracha, castanha e pirarucu.

Para o coordenador geral de Cooperativismo da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD), Marco Pavarino, eventos como esse são necessários para promover a troca de experiências entre grupos que há muito tempo são parte da economia amazônica, mas ainda pouco integrados. “Agricultura familiar, sociobiodiversidade e povos e comunidades tradicionais são pautas que existem há anos e são fundamentais. O projeto Mercados Verdes é um exemplo de sucesso nesse debate.”

O Mercados Verdes é um projeto que tem como objetivo ampliar o acesso aos mercados para os produtos da sociobiodiversidade e da agroecologia advindos das organizações econômicas da agricultura familiar e dos povos e comunidades tradicionais na Amazônia.

Para Jesuína Alves Braga, produtora rural há 22 anos e organizadora da feira de Agricultores Orgânicos do Acre, além de garantir a rastreabilidade da produção, é essencial o engajamento dos consumidores. “A importância da agricultura orgânica tanto no consumo como na nossa vida é que, além de me manter na minha terra, me permite ter um outro estilo de vida, mais saudável, mais tranquilo”, disse. “É muito importante o consumidor estar envolvido nisso, porque é por meio do consumidor que nós temos a renda da nossa casa.”

A pesquisadora do IPAM Erika Pinto reforça a necessidade dos processos estarem conectados. “Certificação e rastreabilidade é uma discussão que precisa estar integrada a um trabalho voltado para um consumidor mais consciente, que foque em uma mudança efetiva do padrão de consumo. É preciso melhorar os arranjos na cadeia de produção para que os produtos sejam ofertados com valor justo e com uma mensagem clara, que é a da conservação ambiental alinhada à saúde.”

A diretora comercial da empresa “100% Amazônia”, Fernanda Stefani, enfatiza como o mercado está atento à conservação das florestas e à importância de desenvolver uma cadeia de comércio justa e sustentável. “Estamos em contato constante com o mercado internacional e essa também é uma demanda deles, principalmente do mercado europeu, que é sensível positivamente ao orgânico”, explica. “Os consumidores também estão atentos ao que compram e à floresta, e as pessoas querem se envolver com os produtos que levam para casa. Por isso, é importante incentivar a agricultura familiar garantindo um empoderamento econômico da população local.”

O evento foi realizado pelo Projeto Mercados Verdes e Consumo Sustentável (GIZ e SEAD), Ecoconsult e IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), em parceria com governo federal, Ministério do Meio Ambiente, ICMBio, Instituto Terroá, Inmetro, Projeto Bem Diverso (Embrapa/PNUD/GEF), Serviço Florestal Americano, USAID e WWF-Brasil.

Veja também

See also