Representantes de associações de agricultores familiares, produtores orgânicos, órgãos governamentais e sociedade civil se reuniram para debater estratégias de fortalecimento das feiras de produtos orgânicos e agroecológicos de Rio Branco, Acre, na última quinta-feira (23).
O debate ocorreu durante o “IV Encontro da Câmara Estadual de Comercialização da Produção Familiar do Estado do Acre”. Essa é uma iniciativa promovida no âmbito do projeto Mercados Verdes e Consumo Sustentável na Amazônia apoiado pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ no Brasil) em parceria com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD).
O diagnóstico das feiras orgânicas e agroecológicas de Rio Branco foi realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) em consórcio com a EcoConsult com o objetivo de criar subsídios para a identificação dos principais desafios relacionados à oferta e demanda nas cadeias de comercialização de produtos da agricultura familiar, seja da sociobiodiversidade ou agroecológicos. A pesquisa foi realizada em junho e julho e apresenta o perfil dos consumidores, feirantes e organizadores das feiras.
Para Jarlene Gomes, coordenadora regional do IPAM no Acre, o projeto traz a oportunidade de gerar mudanças a partir de um processo de inovação na área de comercialização de produtos da agricultura familiar, sejam agroecológicos, orgânicos ou da sociobiodiversidade.
“A produção orgânica e agroecológica é o futuro das florestas e a sustentabilidade do planeta, porque alia uma produção sem agrotóxico a uma preocupação com bem estar social voltado para a saúde, educação, políticas públicas e meio ambiente. É importante discutir como esses produtos podem chegar ao mercado consumidor beneficiando tanto a população urbana quanto a população rural, permitindo produzir comida de verdade e unindo o campo à cidade”, afirma o participante da oficina e coordenador geral do Pesacre, Eduardo Amaral Borges.
Os dados serão periodicamente atualizados e a pesquisa ampliada para um número maior de feiras. Tudo ficará hospedado em uma plataforma de acesso público desenvolvida para fortalecer os espaços de diálogo e as organizações envolvidas nesta agenda, que será lançada até o final do ano. Os dados levantados também vão axiliar a atualização do mapa de feiras orgânicas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Jesuína Alves Braga é organizadora da feira de orgânicos que acontece em Rio Branco toda sexta-feira e sábado, há 20 anos, para ela a relação de confiança com os consumidores é o ponto forte, porém ainda falta investimento em infraestrutura na feira. “Somos o primeiro grupo de orgânicos do estado do Acre. Tem consumidor que vai todo final de semana desde 1997 e hoje em dia os netos já têm a cultura de comprar na feira, é uma vivência passada por gerações. São os consumidores que fazem com que a gente continue no espaço, mas o local poderia ser mais adequado.”
“É imprescindível fortalecer a produção, porque sem produção não tem comercialização. Para isso é preciso investir em assistência técnica, auxílio ao crédito e pesquisa. Assim, o produtor pode trazer para as nossas mesas produtos com respeito tanto à natureza quanto à saúde. Quando você consume orgânico, você consome saúde e está valorizando o meio ambiente, agregando valor tanto para sua vida como para todos os seres que estão em volta”, afirma Maria Rosângela Barbosa, agrônoma e funcionária da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Oficinas como a de Rio Branco também ocorrerão nas cidades de Santarém (PA), Belém (PA) e Macapá (AP), em setembro. Para mais informações entre em contato com Erika Pinto (erika@ipam.org.br) ou André Machado (andre.machado@eco-consult.com).