IPAM participa de encontro nacional de brigadistas em Brasília

3 de julho de 2025 | Notícias

jul 3, 2025 | Notícias

Anna Júlia Lopes*

O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) participou nesta quinta-feira (3) do Encontro de Fortalecimento e Articulação entre Brigadas Voluntárias e Comunitárias, realizado em Brasília. No evento, que contou com a presença de brigadistas que atuam na Amazônia Legal, o IPAM apresentou dados sobre as queimadas no país de 1985 a 2024 – sendo este último ano considerado como um “ponto fora da curva”, por ter sido marcado por uma seca severa na região.

De acordo com os dados mostrados por Jarlene Gomes, pesquisadora do instituto, cerca de 21% da área da Amazônia foi queimada ao menos uma vez entre 1985 e 2024. Além disso, por conta do período de seca, 72% da área queimada do Brasil no período ocorreu entre agosto e outubro – temporada que se aproxima em 2025.

Segundo Gomes, que participou do painel “Cenário dos incêndios no Brasil e perspectivas futuras”, os dados climáticos mostram que 2025 será um ano seco, mas não tanto quanto 2024. “Uma área gigantesca de vegetação nativa foi queimada em 2024. O que aconteceu foi diferente porque a área de floresta queimou muito além do normal. O padrão que existe na Amazônia é a queimada da área de pasto, mas, em 2024, a floresta também queimou”, disse.

Para ela, a chave para evitar os focos de incêndio é a prevenção. Gomes acrescentou que focos de incêndio naturais na vegetação nativa da Amazônia não são comuns, e que o fogo criminoso é o fator que precisará de atenção tanto das autoridades quanto dos brigadistas.

“Não basta só as brigadas terem consciência. Precisamos dos Estados, dos municípios, de todos os entes em uma corrente. Precisamos de um pacto para que essas federações entendam que o fogo não é uma guerra só das brigadas. É uma guerra de todo mundo, da sociedade”, afirmou.

Gomes apresentou ainda o projeto “Gestão do Fogo na Amazônia”, uma iniciativa do IPAM com três principais eixos de ações para o combate aos focos de incêndio na região:

  1. Inteligência: produção e integração de dados sobre o risco de incêndios e a identificação de áreas prioritárias;
  2. Governança e Gestão: incentivo à articulação entre diferentes níveis de governo e sociedade civil para a elaboração de protocolos para prevenção, resposta e controle do fogo;
  3. Combate e Controle: aprimoramento da resposta direta aos incêndios por meio do fortalecimento das brigadas e do mapeamento das brigadas voluntárias e oficiais.

Com o evento, em sintonia com o terceiro eixo da iniciativa, o IPAM iniciou, juntamente com o Ipê (Instituto de Pesquisas Ecológicas), uma parceria para mapear as brigadas voluntárias e comunitárias nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão. O projeto dá continuidade ao levantamento realizado pelo Ipê, que já mapeou cerca de 200 brigadas voluntárias voltadas para a prevenção e combate de incêndios florestais no Brasil.

Além de Gomes, o evento também teve palestras de brigadistas e de representantes do Ministério do Meio Ambiente e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). A abertura do último dia foi feita pela deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG).

Em seu discurso, a congressista celebrou o trabalho dos brigadistas e reforçou a importância da atuação das brigadas comunitárias em conjunto com os conhecimentos dos povos tradicionais da floresta. “Não vai existir floresta de pé se a gente não considerar quem mantém ela de pé”, declarou.

*Jornalista do IPAM, anna.rodrigues@ipam.org.br

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