Por Bibiana Alcântara Garrido*
O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) assinou um acordo de cooperação com o South-North Institute of Sustainable Development, baseado em Pequim, para juntos estudarem os impactos das mudanças climáticas na produção agrícola e no comércio entre Brasil e China. A parceria foi firmada na capital chinesa nesta sexta-feira, 27.
As instituições de pesquisa irão colaborar na produção de dados científicos para embasar diálogos e políticas sobre clima, agricultura e conservação, visando expandir ainda mais a cooperação entre Brasil e China. O acordo tem duração inicial de três anos.

Os institutos de pesquisa irão colaborar na promoção do comércio verde entre Brasil e China (Foto: Bibiana Garrido/IPAM)
“Brasil e China têm se alinhado enquanto nações que oferecem ao mundo a liderança necessária para o nosso compromisso comum de nos adaptarmos às mudanças no clima. As instituições de pesquisa nos dois países podem e devem fazer deste um momento de virada: produzindo ciência para entregar soluções aos desafios impostos pelo clima à segurança alimentar global”, diz André Guimarães, diretor executivo do IPAM e enviado especial da COP30 para a sociedade civil.
Um dos objetivos a curto prazo é desenvolver recomendações para uma agricultura tropical sustentável na COP30, com foco na adaptação dos sistemas produtivos, ao mesmo tempo em que se promove a manutenção da integridade de ecossistemas como a Amazônia e o Cerrado.
“Esta parceria é uma resposta oportuna à crescente demanda por colaboração científica entre China e Brasil em agricultura sustentável. Como organização da sociedade civil e think tank, temos um papel único a desempenhar na conexão entre ciência, política e prioridades comunitárias. Por meio de pesquisas conjuntas sobre práticas de uso da terra e resiliência climática, buscamos pensar soluções práticas que apoiem cadeias de suprimentos sustentáveis e resilientes”, comenta Peng Ren, chefe de programas do South-North Institute of Sustainable Development.
Além da produção científica, a parceria engloba a realização de eventos e workshops com atores interessados nas soluções para o clima e para o comércio de agro-commodities entre Brasil e China.
Desde 2009 a China é o maior parceiro comercial do Brasil, somando cerca de ⅓ das exportações brasileiras. A soja é a commodity mais demandada, mas o país asiático também tem sido destino cada vez maior para a carne brasileira. É justamente a sinergia entre a produção agrícola e a vegetação nativa, numa lógica de adaptação às mudanças climáticas que os pesquisadores querem estudar.
*Especialista de Comunicação do IPAM, bibiana.garrido@ipam.org.br