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A aventura

O TransCerrado é uma expedição científica realizada de bicicleta em prol da preservação da savana mais biodiversa do mundo. 

Com quatro edições já realizadas, a aventura percorreu mais de 1600 quilômetros e destacou questões de relevância no bioma, como o fogo, a agricultura sustentável e potencial de conservação feito por comunidades tradicionais. 

Nesta edição de 2024, o TransCerrado irá evidenciar o desaparecimento de rios no Cerrado. Em 30 anos, os municípios do bioma enfrentaram uma perda significativa de água. A proposta é percorrer de bicicleta o leito do Rio do Peixe (GO) e, junto à população local e por meio de experimento científicos, entender quais são os impactos para a natureza.​​ 

O projeto nasceu também com o propósito de incentivar o esporte ao ar livre e o cicloturismo. Este ano, três ciclistas e pesquisadores do IPAM, e uma convidada, irão coletar informações. 

 

 

O trajeto

Edições passadas 

4ª Edição 

Com foco em mostrar as soluções para a devastação ambiental, em 2023, os ciclistas do TransCerrado percorreram 135 quilômetros dentro do território Kalunga, o maior quilombo titulado do Brasil, que abriga mais de 218 mil hectares de vegetação nativa. 

3ª Edição 

Passando por dez cidades e povoados de Goiás, os ciclistas pedalaram 420 quilômetros para alertar sobre as queimadas no Cerrado, que em 2021 afetaram 7,1 mil hectares do bioma, segundo dados da Rede MapBiomas. 

2ª Edição 

Para alertar sobre as consequências das queimadas no bioma, em 2021, um cientista e um engenheiro florestal, percorreram 400 quilômetros de Brasília (DF) até Alto Paraíso (GO). 

1ª Edição 

Em 2019, para incentivar a conservação do Cerrado por meio da agricultura sustentável, os ciclistas pedalaram mais de 700 quilômetros de Goiás Velho até Alto Paraíso (GO). O trajeto passou pela Chapada dos Veadeiros (GO), no coração do Cerrado. 

Veja por onde passamos em 2022:

Acompanhe como foi o trajeto da edição de 2021:

Veja também por onde passou o TransCerrado em 2019, quando pedalamos mais de 700 quilômetros falando sobre conservação e desenvolvimento de agricultura sustentável no Cerrado:

Quem são eles?

Paulo Moutinho

Paulo Moutinho

PhD, cientista sênior e cofundador do IPAM.

Paulo é um ecologista de 58 anos. Trabalha no Brasil com os impactos do desmatamento nas mudanças climáticas e nas pessoas nas últimas duas décadas. Em 2017, ele fez uma longa jornada de bicicleta, com outros dois parceiros, por 1.100 km do trecho não asfaltado da Rodovia Transamazônica para chamar a atenção para os problemas socioambientais da região.

Márcio Bittencourt

Márcio Bittencourt

Técnico em Telecomunicações e especialista em navegação marítima.

Márcio tem 51 anos, é militar da reserva da Marinha onde trabalhou por 30 anos. Há 14 anos faz parte da Coordenação do grupo de ciclistas Rebas do Cerrado, o maior grupo de mountain bike do Brasil. Nos últimos três têm participado como voluntário na estruturação, implementação e sinalização de trilhas de longo curso que ligam Unidades de Conservação no Centro-Oeste.

Valderli Jorge Piontekowski

Valderli Jorge Piontekowski

Engenheiro Florestal, coordenador de Inovação Tecnológica no IPAM

É um engenheiro florestal de 41 anos. Atua nas áreas de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto como programador especialista para a produção de mapas relacionados à intervenção humana na cobertura do solo. Pedala há dois anos, explorando trilhas no Distrito Federal e no entorno.

Verônica Foltynek

Verônica Foltynek

Médica Veterinária

Apaixonada por ciclismo. É a primeira mulher a participar do TransCerrado. Avaliará o impacto das mudanças climáticas nos animais.

Por que o Cerrado?

Com 198 milhões de hectares e ocupando 26% da área de vegetação nativa do país, o Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e a savana mais biodiversa do mundo. Está presente em 12 estados brasileiros mais o Distrito Federal: Bahia, Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Piauí, Rondônia, São Paulo e Tocantins. É lar de cerca de 25 milhões de pessoas, entre elas povos e comunidades tradicionais como indígenas, quilombolas, extrativistas, agricultores familiares, quebradeiras de coco babaçu, pescadores artesanais e ribeirinhos.

Conhecido como o “berço das águas” ou a “caixa d’água do Brasil”, o Cerrado abriga oito das doze regiões hidrográficas brasileiras e abastece seis das oito grandes bacias hidrográficas do Brasil: Amazônica, Araguaia/Tocantins, Atlântico Norte/Nordeste, São Francisco, Atlântico Leste e Paraná/Paraguai. Além disso, é no Cerrado que estão localizados três dos principais aquíferos do país: Bambuí, Urucuia e Guarani.

Estudos apontam que existem cerca de 10 mil espécies de plantas no Cerrado, das quais 44% são exclusivas do bioma. Há ainda uma fauna riquíssima: com 250 espécies de mamíferos, 856 espécies de aves, 800 espécies de peixes, 262 espécies de répteis e 204 espécies de anfíbios.

Tudo isso faz do Cerrado um hotspot de biodiversidade mundial, abrigando 1,5% da flora e 5% da fauna de todo o planeta. Apesar de toda essa riqueza de vida natural, apenas 12% da sua vegetação nativa está oficialmente protegida em Unidades de Conservação e Terras Indígenas, de acordo com o MapBiomas – Coleção 6.

Ainda segundo o MapBiomas, o Cerrado perdeu 26,5 milhões de hectares, ou 20%, de sua vegetação nativa desde 1985. Isso equivale a uma área maior que o estado do Piauí. No mesmo período, a agropecuária ocupou uma área quase complementar: foram 26,2 milhões de hectares destinados à atividade. Hoje, a agropecuária ocupa 44,2% do Cerrado. Em 36 anos, o Cerrado foi o bioma mais atingido por incêndios, concentrando cerca de 44% da área queimada do Brasil.

Visando contribuir com a visibilidade a esse bioma 100% brasileiro, é que a aventura TransCerrado se inicia mais uma vez para mostrar a importância da preservação da savana mais biodiversa do mundo. Unindo conservação com ecoturismo, prevenção de incêndios com maior qualidade de água, de solo e de ar, cultivando ações sustentáveis para a semeadura de um futuro com Cerrado vivo e para todos.

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