Um plano de ação voltado ao fortalecimento da cadeia produtiva do café foi apresentado na última semana, no Vale do Juruá (AC). A região é um dos principais pólos agrícolas de cafeicultura em ascensão na Amazônia.
O documento foi apresentado durante seminário que reuniu produtores rurais, instituições públicas e privadas, técnicos e pesquisadores. Foram discutidas estratégias de fomento à produção, comercialização e acesso a crédito, com foco em fortalecer a implementação da política estadual de incentivo à produção de café robusta no Acre.
Um dos desafios identificados foi a falta de acesso ao crédito rural. Para isso, também estiveram presentes instituições financeiras e cooperativas para apresentação de alternativas que levem soluções a este desafio.
“Estamos em uma região onde os insumos são mais caros, e quando o produtor não tem sua regularidade ambiental e fundiária, o acesso ao crédito se torna um grande desafio’’, explica Jarlene Gomes, pesquisadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
“A disponibilidade de dados sobre o crescimento da cafeicultura na nossa região e a presença de cooperativas e órgãos competentes é fundamental para viabilizar a produção dessas lavouras para os agricultores. Isso permite que tudo fique de uma forma mais completa e assertiva”, comentou Maria Sena, engenheira agrônoma da Secretaria Municipal de Agricultura do Estado e participante do seminário.
O seminário abordou estratégias que visam a implantação de lavouras de café a partir de informações econômicas, comerciais e logísticas que orientam um melhor planejamento da cadeia produtiva, fundamentada em ações para recuperação de áreas degradadas, respeitando o aspecto cultural, ambiental e socioeconômico da região. Sua produção contribui para a recuperação produtiva e sustentável dessas áreas e representa uma das principais fontes de renda para os agricultores familiares locais.
“O ponto forte desse seminário foi mostrar para as instituições públicas, ao meio acadêmico, aos produtores rurais, às consultorias e aos bancos que o café robusto da Amazônia tem um potencial enorme na região. Estar atento aos indicadores econômicos, aos custos de produção e a comercialização do café é fundamental para que o produtor alcance bons resultados na lavoura, melhore sua renda e qualidade de vida’’, relata Aliedson Ferreira, pesquisador do IPAM.
Recuperação Produtiva de Paisagens Resilientes no Estado do Acre
A iniciativa faz parte do projeto Recuperação Produtiva de Paisagens Resilientes no Estado do Acre, realizado pelo IPAM em parceria com a SEAGRI (Secretária Estadual de Agricultura do Acre).
Com mais de 200 produtores atendidos através de apoio técnico, seu objetivo é fortalecer a cadeia produtiva na região, conectando conhecimentos técnicos, parcerias e programas públicos voltados ao desenvolvimento sustentável.
“A cooperação entre o IPAM e a SEAGRI tem fortalecido a assistência técnica e a orientação aos cafeicultores. O levantamento socioeconômico realizado pelo IPAM na região do Juruá é fundamental para a criação de novas políticas públicas, ampliando o apoio ao plantio, à colheita e à comercialização do café’’, explica Marcos Pereira, chefe da SEAGRI do Cruzeiro do Sul.
“As políticas públicas podem apoiar a estruturação da cadeia produtiva do café, trazendo mais viabilidade econômica, especialmente para os pequenos produtores. Mais do que olhar para uma cadeia baseada na monocultura, a proposta valoriza a diversidade produtiva integrada à paisagem. Assim, em uma mesma área, o produtor tem a oportunidade de cultivar diferentes espécies, fortalecendo alternativas produtivas e promovendo um uso mais equilibrado do território’’, destaca Gomes.
