Anna Júlia Lopes*
O presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, fez um pedido para que os negociadores que participarão da reunião em Bonn, na Alemanha, em junho, avancem em “resultados concretos” quanto às questões que serão tratadas na COP30, em Belém.
“Avançar em Bonn em questões que, de outro modo, seriam deixadas para a COP pode ajudar nosso processo a evitar os riscos e tensões que vêm prejudicando a confiança mútua ano após ano”, disse Corrêa em nova carta publicada nesta sexta-feira (23).
Segundo ele, a atual Presidência está trabalhando em conjunto com a Presidência da COP29 e com os presidentes dos órgãos subsidiários da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) para assegurar que, durante a reunião em Bonn, sejam tomadas decisões que serão adotadas formalmente na COP em Belém.
No documento, Corrêa afirma ainda que a reunião em Bonn – que funciona como um preparativo para as conferências do clima – é o momento de focar nas negociações para construir uma “infraestrutura global de confiança” para alcançar resultados.
O presidente também retoma a ideia de um “Mutirão Global”, mencionado na última carta, publicada em 8 de maio. No documento anterior, Corrêa fez um apelo à comunidade internacional para que se apresentassem contribuições em forma de experiências e iniciativas que possam contribuir para enfrentar, de forma sustentável, os desafios climáticos.
Na nova carta, ele convida os negociadores a trabalharem juntos em uma “força-tarefa” para garantirem avanços nos encontros climáticos em junho. A Presidência pede ainda para que os participantes mudem a abordagem em Bonn, “saindo de possíveis momentos de confronto de soma zero para uma atitude de empatia e solidariedade”.
De acordo com Corrêa, o encontro em junho começará com um “dia zero” de conversas informais na data anterior à abertura oficial das sessões. O presidente declarou esperar que as delegações participantes se orientem a partir de três prioridades:
- Reforçar o multilateralismo e o regime climático da UNFCCC;
- Conectar o regime climático com a vida real das pessoas; e
- Acelerar a implementação do Acordo de Paris estimulando ações e ajustes estruturais.
Para ele, a medida de sucesso para o encontro em Bonn está na “capacidade coletiva” de as delegações comunicarem avanços. “Seria extremamente inadequado se o primeiro espaço formal de negociação do ano resultasse em procrastinação e adiamento de decisões. O fracasso em avançar nos mandatos acordados durante o encontro em Bonn corroerá ainda mais a confiança na capacidade do processo multilateral de entregar os resultados que a humanidade precisa”, diz.
Em entrevista ao boletim COP30, Corrêa disse que o objetivo da carta é convocar o “mundo inteiro” para se juntar ao mutirão no combate à mudança do clima e que, por esse motivo, os primeiros a participarem devem ser os negociadores, que terão o poder para aprovar o documento a ser entregue na COP30.
*Jornalista do IPAM, anna.rodrigues@ipam.org.br