Anna Júlia Lopes*
O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) participou, na segunda-feira (25), da Reunião Ministerial da América Latina e do Caribe para a Implementação da Ação Climática Regional, realizada na Cidade do México. O encontro reuniu autoridades para fortalecer a liderança regional em torno de uma ação climática conjunta, em preparação para a COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em novembro, em Belém.
No evento, que ocorre dias depois do lançamento do Balanço Ético Global para a América do Sul, Central e Caribe, estavam presentes Claudia Sheinbaum, presidente do México; ministros do Meio Ambiente dos países participantes; o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30; e quatro enviados especiais da COP:
- André Guimarães, diretor-executivo do IPAM e enviado especial da sociedade civil;
- Denis Minev, enviado especial do setor privado amazônico;
- Frederico Assis, enviado especial de integridade de informação; e
- Patricia Espinosa, enviada especial da América Latina e Caribe.
Para André Guimarães, é “impressionante” o alinhamento entre os países participantes. Nas discussões, o diretor-executivo afirmou ter ouvido, em mais de uma ocasião, que a COP30 será a “COP da América Latina” e que os países da região têm que estar juntos e negociando como um bloco. “Esse é o momento do Sul Global mostrar para o Norte como fazer as coisas”, declarou.
Um dos objetivos do encontro é justamente consolidar uma visão compartilhada para apoiar as negociações na COP30 – levando em consideração que a América Latina e o Caribe são algumas das regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas, devido a fatores geográficos e socioeconômicos.
Os impactos da crise climática na região já são sentidos com o registro de furacões, secas e enchentes, que ampliam a vulnerabilidade social e econômica e dificultam o desenvolvimento sustentável. No entanto, apesar dos desafios, a região abriga um amplo repertório de soluções baseadas em sua riqueza natural e diversidade cultural, com potencial para acelerar a transição global rumo a um futuro de baixo carbono.
Nesse sentido, os ministros e representantes presentes buscam proteger e fortalecer o regime climático multilateral, vinculado à UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), ao Acordo de Paris, de forma alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, considerados fundamentais para atender às vulnerabilidades da região.
O encontro também destaca a importância de ampliar o acesso ao financiamento climático internacional, e facilitar a transferência de tecnologia, elementos essenciais para garantir que a ação climática esteja conectada à vida cotidiana das pessoas.
Como representante da sociedade civil, Guimarães defendeu que, durante as discussões que serão realizadas na conferência, uma obrigação da América Latina é tratar de um direcionamento para a questão dos combustíveis fósseis e mostrar a importância das florestas tropicais – tanto para a mitigação das mudanças climáticas quanto para a produção de alimentos. O diretor-executivo também acrescentou que, além de definir os pontos que serão defendidos pelo bloco, a reunião é o momento certo para o Brasil consolidar a sua liderança na agenda socioambiental.
*Jornalista do IPAM, anna.rodrigues@ipam.org.br
