Evento do IPAM aponta estratégias para o setor cacaueiro e COP 30

14 de junho de 2024 | Notícias

jun 14, 2024 | Notícias

Karina Custódio* e Elias Serejo*

O segundo e último dia do III Simpósio sobre Sistemas Agroflorestais com Cacaueiro (SSAF-CACAU) foi marcado por debates sobre políticas públicas para a produção cacaueira, destacando sua importância no contexto das negociações da COP30 (Conferência das Partes). O evento, realizado em Altamira (PA), foi encerrado com a abertura do Festival Internacional de Chocolate e Cacau, reforçando o papel central do cacau na economia da Amazônia.

Um dos tópicos abordados foi a nova legislação da União Europeia, que proíbe a importação de produtos de áreas desmatadas, independente da legalidade do desmatamento. Ana Gutierrez, da delegação da União Europeia, explicou que a legislação faz parte dos esforços do bloco para reduzir as emissões de gases poluentes até 2030. “Para a legislação, não há diferença entre desmatamento legal e ilegal; o objetivo é não importar produtos advindos de áreas desmatadas”, afirmou Gutierrez. Esta medida visa combater o desmatamento global e tem implicações diretas para países exportadores como o Brasil, que precisarão adaptar suas práticas para manter o acesso ao mercado europeu​​.

Plano Inova Cacau 2030

Outro destaque do simpósio foi a apresentação do Plano Inova Cacau 2030, uma iniciativa do governo federal detalhada por Lucimara Chiari, diretora da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira). O plano visa mapear as necessidades e desafios da produção cacaueira no Brasil, incentivando práticas sustentáveis e apoiando os produtores rurais para tornar o país uma referência mundial na produção sustentável do fruto. “O Plano Inova Cacau 2030 busca promover a sustentabilidade e aumentar a competitividade da cacauicultura brasileira no mercado internacional”, explicou Chiari. A iniciativa promete impulsionar a produção sustentável, desde o plantio até a comercialização, com foco em inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental​​.

COP30: uma nova chance para o mundo

Guilherme Salata, diretor da CocoaAction Brasil, destacou as oportunidades trazidas pela COP30 para a cacauicultura brasileira. “A COP30 será uma oportunidade de discutir problemas importantes do país com o mundo. Mesmo que não possamos levar o cacau para os painéis principais, podemos criar eventos para realizar esse diálogo em paralelo”, afirmou Salata. A COP30, que será no Brasil, oferece uma plataforma global para promover práticas agrícolas sustentáveis e destacar os avanços do setor cacaueiro brasileiro.

Foto: Karina Custódio/IPAM

Intercâmbio em medicilândia

Parte do evento incluiu uma visita a um sistema agroflorestal com cacau em Medicilândia (PA), maior produtor de cacau do país. Ilson Pereira, agricultor familiar do Mato Grosso, aproveitou a vinda para o evento e esteve no intercâmbio oferecido pela organização. “Nessa visita eu aprendi que dá para aproveitar da produção muito mais do que eu imaginei e trabalhar usando técnicas que resolvem muitos dos desafios que existem nas produções em SAF”.

Elisangela Trzeciak, coordenadora de projetos do IPAM em Altamira, enfatizou o papel do simpósio para a promoção da cultura cacaueira e o impacto positivo da cadeia na economia regional e nacional. “Eventos como o SSAF-CACAU são fundamentais para o intercâmbio de conhecimentos e técnicas que podem melhorar a produção sustentável de cacau. A cadeia do cacau é essencial para a economia da região, gerando empregos e fomentando o desenvolvimento sustentável”, afirmou.

Foto: Karina Custódio/IPAM

Festival Internacional de Chocolate e Cacau

O encerramento do simpósio coincidiu com a abertura do 3º Festival Internacional do Chocolate e Cacau, o Chocolat Xingu 2024. O evento, que vai até o próximo domingo, 16 de junho, reúne mais de 300 expositores no Centro de Eventos Vilmar Soares, em Altamira. O festival é o maior da América Latina, e nesta edição, contará com mais de 150 expositores de chocolate de Altamira e municípios vizinhos como Brasil Novo, Medicilândia, Vitória do Xingu, Placas, Anapu e Uruará. A expectativa é atrair mais de 150.000 visitantes, proporcionando uma plataforma de visibilidade global para mais de 200 marcas de chocolate​​.

Até domingo, os visitantes poderão explorar uma vasta gama de produtos derivados do cacau e chocolate, incluindo bombons, licores, nibs, barras de chocolate, trufas, artesanatos, bijuterias, bolo de mel e muitos outros. O festival não só celebra a riqueza do cacau amazônico, mas também promove práticas sustentáveis que alinham a produção cacaueira com a preservação ambiental.

*Analistas de Comunicação do IPAM



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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