Eventos climáticos extremos

O que é fundamental saber sobre eventos climáticos extremos

Comumente chamados de desastre ambiental ou climático, eventos como secas, enchentes, ondas de calor, deslizamentos e outros desequilíbrios ambientais são eventos climáticos extremos.

 

Eventos Climáticos Extremos x Desastres Climáticos

Eventos climáticos extremos são alterações intensas no clima que, por si só, nem sempre configuram desastres. Eles passam a ser considerados desastres climáticos quando impactam diretamente populações humanas. Com o aumento da temperatura média global, a frequência e a intensidade desses eventos extremos também se intensificam, elevando a probabilidade de resultar em desastres climáticos.

 

O que causam os eventos climáticos extremos?

Os extremos climáticos são uma das consequências das mudanças climáticas. O aquecimento do planeta, causado pelo acúmulo de gases superaquecedores, gera uma série de efeitos que desestabilizam a forma como os ecossistemas coexistem, provocando diferentes tipos de extremos.

 

É possível prever extremos climáticos?

O aquecimento global é um fato científico comprovado desde o século XIX. O desequilíbrio climático causado por ele já era previsto por cientistas, povos indígenas e comunidades tradicionais, que percebiam mudanças na natureza e sua possibilidade de piora.

O IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas) documentou que os extremos climáticos podem aumentar sua frequência e intensidade nas próximas décadas.

Assim, extremos climáticos que atingem populações humanas podem ser entendidos como desastres, uma vez que prejudicam milhares de vidas e provocam grandes danos ambientais e econômicos, mas não é correto dizer que eles são totalmente imprevisíveis.

 

Eventos climáticos extremos e mudanças climáticas

O aquecimento global está relacionado às atividades humanas com a emissão dos gases de efeito estufa. As indústrias e o desmatamento são alguns exemplos de atividades que aumentam as temperaturas.

Este aumento implica no clima de diversas regiões do mundo, provocando “desregulações” que ocasionam, por exemplo, o derretimento de calotas polares, fenômeno que acarreta outro extremo climático: o aumento dos níveis do mar.

A elevação dos mares poderá causar inundações, contaminação da água doce com a salgada e o deslocamento de comunidades litorâneas. 

Esta condição intensifica a vulnerabilidade, principalmente, das populações que dependem dos recursos naturais para sua vida e sustento.

O ano de 2024 ilustra a relação do aumento da temperatura com os extremos climáticos. Considerado o ano mais quente da história, 2024 teve a temperatura média 1,6ºC acima dos níveis pré-industriais e registrou, por exemplo, inundações, secas e incêndios de grande proporção.

Os incêndios na Amazônia, entre junho e agosto de 2024, emitiram 60% mais CO₂ do que em 2023. Já no Rio Grande do Sul,  as enchentes atingiram 471 cidades, deixaram 183 mortos, 27 desaparecidos e desabrigaram 600 mil pessoas no mesmo ano.

 

Tipos de eventos climáticos extremos

Abaixo, reunimos os principais eventos climáticos que causaram danos à população brasileira nos últimos 33 anos.

Estiagem e Seca

A redução das precipitações (chuvas) muitas vezes causa períodos de seca, que ocorrem quando a disponibilidade de água é insuficiente para suprir as necessidades de uma região

A cada 10 extremos climáticos enfrentados pelo país, cerca de 5 foram por seca e estiagem. As regiões Nordeste e Sul foram as mais afetadas pelo fenômeno.

Conforme a ANA (Agência Nacional de Águas), tanto partes do Nordeste quanto do Sul são áreas críticas de oferta hídrica e podem sofrer com mais episódios de seca e estiagem no futuro.

A Amazônia, apesar de concentrar 70% da água do país, também tem sido afetada pela seca. Em 2023, a região enfrentou uma seca histórica, que foi superada no ano seguinte.

 

Incêndios Florestais

Impulsionados pelas mudanças climáticas que aumentam a frequências e intensidades das estiagens, provocando maior acúmulo de matéria seca nas florestas, incêndios florestais têm sido cada vez mais frequentes e intensos no Brasil e no mundo.

De acordo com dados do Mapbiomas Fogo, iniciativa coordenada pelo IPAM na rede MapBiomas, Amazônia e Cerrado são os biomas que mais sofrem com incêndios florestais. Acesse a campanha “Foco no Fogo” e saiba mais sobre como o extremo climático está presente nos biomas e como as ações humanas podem impulsioná-lo.

Conheça a campanha foco no fogo

 

Enxurradas e enchentes

As enxurradas ocorrem quando há um acúmulo de água da chuva que arrasta objetos e pessoas; as chuvas extremas, quando há precipitação maior que a média histórica; e as enchentes, quando níveis de lagos, rios e mares aumentam ao ponto de submergir, total ou parcialmente, uma região antes seca.

 

Soluções aos extremos climáticos

“Os eventos climáticos extremos, como as enchentes, as secas severas e as ondas de calor, têm assolado o Brasil, em especial a Amazônia, com consequências profundas para as comunidades locais, a economia, o ecossistema e a biodiversidade”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM. 

Soluções climáticas precisam ser integradas, incorporando tanto a visão da ciência quanto dos tomadores de decisão e das comunidades tradicionais.

Dados, alertas e previsões de risco, por exemplo, precisam ser divulgados para que as autoridades legais possam se organizar e, assim, evitar que os impactos sejam ainda maiores. Para garantir a participação social e reduzir os danos causados, é necessário criar planos de adaptação climática em todos os níveis do Estado.

 

Como é feito um plano de mitigação?

Os planos de mitigação e adaptação precisam ser específicos para cada região, considerando as dinâmicas locais e os eventos climáticos mais frequentes. Parcerias com o setor privado e com as próprias comunidades são essenciais para que esses planos funcionem de maneira eficaz, incorporando a visão das comunidades e suas visões estratégicas favoráveis e adaptáveis.

Somente por meio dessas ações conjuntas será possível reduzir os impactos dos eventos climáticos extremos, construir biomas mais resilientes, melhorar a vida das populações e, simultaneamente, proteger os ecossistemas.

 

Como proteger comunidades de desastres climáticos?

Um dos principais pontos é proteger a soberania alimentar, impedindo que comunidades passem por insegurança alimentar. Para isso, é preciso incluir práticas de manejo que envolvam recursos naturais diversos.

Um evento climático pode afetar determinado alimento, mas não outro. Assim, se a população possuir uma estratégia de produção variada, o impacto será menor.

Além disso, a educação e a capacitação das comunidades locais são indispensáveis, promovendo maior empoderamento por meio da disseminação de conhecimento sobre processos de adaptação climática, de forma a reduzir os impactos sociais e econômicos.

“Por meio dessas ações conjuntas, da ciência, das políticas públicas, e dos tomadores de decisão nas comunidades, poderemos trabalhar numa perspectiva de reduzir esses impactos dos eventos climáticos extremos e fomentar uma Amazônia mais resiliente, melhorando a vida das populações e ajudando a proteger os ecossistemas”, reforça Alencar. 

 

 

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