Escola Viva em Movimento leva educação ambiental e arte às periferias de Belém

30 de junho de 2025 | Um Grau e Meio

jun 30, 2025 | Um Grau e Meio

Suellen Nunes*

Transformar lixo em arte, moradias e consciência ambiental: essa é a proposta da EVEM (Escola Viva em Movimento), um projeto socioambiental itinerante que tem levado educação ambiental e práticas sustentáveis a comunidades periféricas de Belém, no Pará.

Criada pela artista plástica Silvana Palha, de 55 anos, a EVEM atua em bairros como Marambaia e Jurunas, promovendo oficinas gratuitas para crianças, jovens e adultos.

Mais do que ensinar técnicas de reaproveitamento: o projeto busca, segundo Silvana, “reflorestar mentes”, despertando a consciência ecológica por meio de atividades práticas como bioconstrução, compostagem e criação de brinquedos, móveis e hortas com resíduos sólidos e orgânicos.

O que antes seria descartado, como sacolas plásticas, garrafas, pneus e banners, ganha nova função e significado pelas mãos dos participantes. “Não é só sobre reciclar. É sobre tirar dos rios, das ruas, da mata, algo que poderia virar poluição e transformar em algo útil e bonito”, afirma a artista plástica.

Foto: Arquivo Pessoal/Silvana Palha

Foto: Arquivo Pessoal/Silvana Palha

Com mais de 30 anos de atuação na arte com materiais recicláveis, Silvana também construiu sua própria casa com ecotijolos feitos de garrafas PET preenchidas com resíduos que levariam séculos para se decompor. Embora o espaço não seja a sede oficial do projeto, ele abriga cerca de oito toneladas de materiais reaproveitados, entre eles, mais de 8 mil garrafas de vidro e 400 ecotijolos.

“Na casa, usei mais de 300 mil sacolinhas dentro das garrafas. Vi nisso uma forma de armazenar esses resíduos até que se encontre uma solução. As paredes ficaram muito resistentes. A ideia surgiu no meio do desespero, ao ver ilhas de lixo se espalhando. A Escola Viva é um movimento, é poder compartilhar o aprendizado sustentável e uma tentativa de amenizar o impacto ambiental dos resíduos sólidos e orgânicos no nosso meio ambiente, transformando seu destino e reutilizando-os em construções”, explicou.

Foto: Arquivo Pessoal/Silvana Palha

Foto: Arquivo Pessoal/Silvana Palha

Além das oficinas de bioconstrução, a EVEM oferece atividades que estimulam o reaproveitamento criativo de resíduos: camisetas viram bolsas, banners se transformam em estojos, pneus ganham nova vida como bancos. Tudo é pensado para incentivar o consumo consciente e fortalecer os vínculos comunitários em territórios frequentemente negligenciados pelo poder público.

A Escola Viva em Movimento mostra, na prática, que é possível repensar a relação com o lixo e com o meio ambiente, e que as soluções para os grandes desafios da sustentabilidade podem começar com ações locais, criativas e coletivas.

*Analista de Comunicação do IPAM



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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