Uma nova pesquisa publicada na revista científica “Global Change Biology” indica que o ritmo acelerado do desmatamento no cerrado, provocado pelo avanço do agronegócio, já causa impactos negativos no ciclo da água. Os autores são todos de instituições americanas.
Segundo o estudo, o espaço convertido no cerrado para a agricultura foi de 1,2 para 2,5 milhões de hectares entre 2003 e 2013 – 74% dessa área era originalmente vegetação nativa. No mesmo período, a quantidade de água reciclada na atmosfera via evapotranspiração caiu – 3% a menos apenas em 2013.
Uma variação no ciclo hídrico pode impactar o próprio setor agrícola que tem promovido o desmatamento no cerrado, explicou a principal autora do estudo, a aluna de graduação na Universidade Brown Stephanie Spera, ao site do jornal americano “The Washington Post”.
A relação entre alta taxa de desmatamento e efeitos negativos na evapotranspiração também foi detectada na região do Xingu.
Na reportagem, o diretor-executivo do IPAM, André Guimarães, lembra que o cerrado sofre com menos atenção pública e menos controle do desmatamento do que a Amazônia. “O governo brasileiro tem feito esforços para conservar a Amazônia nos últimos anos. Então, em termos de ameaça, o cerrado é mais ameaçado.”
O pesquisador sênior do IPAM Paulo Moutinho afirma que um efeito da implantação de mecanismos na governança na Amazônia é o “vazamento” do desmatamento para o cerrado, para onde migram investimentos para aqueles que buscam menos restrições.