Apesar da melhora significativa nos índices da Amazônia, o desmatamento do Cerrado segue alto em 2025, sendo influenciado diretamente por fatores internos e externos, como variações no preço de commodities e a migração da produção amazônica. A análise foi conduzida por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e publicada no dia 3 de março no artigo “Protegendo o Cerrado Brasileiro: estratégias de conservação com ênfase na regulamentação europeia de produtos livres de desmatamento”.
Para reforçar a segurança jurídica e ambiental do bioma, o artigo defende o fortalecimento, em âmbito nacional e internacional, do PPCerrado (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Bioma Cerrado), que visa à redução das queimadas e à eliminação do desmatamento ilegal até 2030. Outras medidas sugeridas incluem o fortalecimento e estímulo à criação de RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural) no Cerrado, a recuperação de pastagens degradadas, a adoção de técnicas de intensificação da produção, a destinação de terras públicas para conservação e a implementação de programas de compensação pela preservação de áreas naturais no bioma, como o CONSERV.
Segundo os pesquisadores, a conservação do Cerrado também deverá enfrentar desafios impostos pelo cenário internacional, especialmente com a implementação de iniciativas como a EUDR (European Union Deforestation Regulation), nova lei antidesmatamento da União Europeia. O regulamento impede que países do bloco importem produtos considerados de alto risco de desmatamento, como soja, carne, café e madeira, caso sejam originários de áreas de floresta desmatadas legal ou ilegalmente a partir de 2021.
Entre 2000 e 2019, 85% da vegetação nativa perdida no Cerrado estava localizada em áreas não florestais, sendo que 91% da conversão de vegetação nativa para terras de cultivo de soja ocorreu nessas áreas. Mais da metade de todo o desmatamento do bioma neste período concentrou-se no Matopiba, região de fronteira agrícola voltada à exportação de commodities, que abrange municípios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.