Acordo comercial pode impulsionar desmatamento de mais de 200 mil hectares

2 de dezembro de 2020 | Notícias

dez 2, 2020 | Notícias

O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia pode aumentar em até 243 mil hectares o desmatamento na América do Sul. A informação foi defendida pelo pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), Paulo Barreto, no segundo episódio da série Amazoniar, que foi ao ar na última quinta-feira (26|11).

Se ratificado, o acordo assinado em 2019, vai eliminar 93% das tarifas aplicadas aos produtos exportados pelo bloco para a UE. A expectativa é que isso gere um aumento nas exportações e consequente expansão de atividades como a pecuária nos países do bloco sul-americano.

Para Barreto, mesmo que um capítulo específico sobre desenvolvimento sustentável seja incluído no acordo, não há mecanismos capazes de salvaguardar a floresta Amazônica e o cerrado brasileiros.

O diretor do programa de biodiversidade e ecossistemas do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais (IDDRI), Yann Laurans, destacou que a expectativa é que o acordo aumente em cerca de 53 mil toneladas a exportação de carnes do Mercosul para a União Europeia. A relação produção-desmatamento, no entanto, não deve ter uma correlação direta. Ele explica que um pequeno aumento na produtividade brasileira seria capaz de prover a demanda da UE prevista para o país, sem que seja necessário expandir o volume de terras utilizadas pela pecuária.

O estudioso indicou três principais pontos de insegurança para os biomas brasileiros. Segundo ele, a falha na aplicação de políticas nacionais de fiscalização e preservação, a não previsão mecanismos mais severos de proteção ambiental no acordo comercial e a incapacidade de rastrear a origem da carne aumentam o risco de desmatamento.

Ao contrário do Uruguai e de países europeus, Brasil, Argentina e Paraguai são incapazes de rastrear a cadeia da carne que produzem. “Sabemos a procedência de uma vaca, mas apenas da última fazenda por onde passou antes de ser abatida. Então, há uma possibilidade de a vaca ter nascido em algum lugar na Amazônia, ter sido levada para outra fazenda e vendida para o mercado europeu sem que ninguém saiba de onde veio”, explica Laurans.

O episódio completo pode ser assistido no canal do IPAM no YouTube, onde a série de debates é transmitida ao vivo, quinzenalmente. O próximo encontro, previsto para dezembro, discutirá o comércio de madeira da Amazônia. Siga o canal e acione o lembrete para ser notificado antes do início da transmissão.

* O Amazoniar é uma iniciativa do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), para incentivar e promover diálogos entre Brasil e Europa sobre a Amazônia. Os episódios são interativos e contam com a participação do público. 



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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