Fogo no Brasil em 2024: o retrato fundiário da área queimada nos biomas

26 de setembro de 2024

set 26, 2024

Ane Alencar¹, Vera Arruda¹, Felipe Martenexen¹, Eduardo Reis Rosa2, Eduardo Vélez-Martin3, Luis Fernando Guedes Pinto4, Soltan Galano Duverger 5,  Newton Monteiro¹, Wallace Silva¹

O ano de 2024 tem sido marcado por uma intensificação das queimadas e dos incêndios nos biomas brasileiros, com destaque para a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. O uso do fogo, seja de forma acidental ou intencional, continua sendo um dos principais fatores de degradação ambiental, contribuindo para a perda de biodiversidade, emissão de gases do efeito estufa, transformação da paisagem natural, além de diminuir a qualidade do ar devido à geração de fumaça (Barlow et al. 2020, Lapola et al. 2023, Tomas et al. 2021, Bonilla et al.2023, Fuzessy et al. 2024). Além disso, o impacto do fogo varia significativamente entre as diferentes categorias fundiárias, refletindo complexas dinâmicas socioeconômicas e territoriais, como determinadas práticas agropecuárias, a pressão para o avanço da fronteira agrícola, a regularização fundiária e a gestão de unidades de conservação e terras indígenas.

Compreender onde e como o fogo ocorre é essencial para desenvolver políticas públicas eficazes de prevenção, mitigação e controle. O contexto particular de cada bioma do Brasil, associado às variações regionais do clima, resulta em respostas variadas na ocorrência do fogo, tanto em termos de frequência quanto de intensidade dos incêndios (Brando et al. 2020). Na Amazônia, por exemplo, o desmatamento e a expansão agropecuária, principalmente o uso do fogo no manejo de pastagens, impulsionam um ciclo de queimadas, resultando em amplos impactos econômicos e desafiando a implementação de práticas mais sustentáveis na região (Ribeiro et al. 2024, Silva et al. 2020). No Cerrado e Pantanal, o uso do fogo está muitas vezes ligado ao manejo de pastagens, inclusive naturais, enquanto a Caatinga, a Mata Atlântica e o Pampa sofrem com incêndios de origem acidental ou decorrentes de práticas agropecuárias de pequena escala (Pivello et al. 2021). Essa diversidade de situações requer uma análise detalhada e regionalizada para entender os padrões de fogo, e trazer luz às práticas de queimadas e os consequentes incêndios florestais, de forma a implementar ações específicas e mais eficazes de controle e manejo do fogo.

Nesta nota técnica, apresentamos os dados de área queimada do Monitor do Fogo, uma iniciativa da rede MapBiomas coordenada pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), estratificados pelas principais categorias fundiárias e por bioma, com o objetivo de identificar padrões diferenciados de ocorrência de fogo ao longo da série temporal de janeiro a agosto, para os anos de 2019 a 2024. Essas análises buscam destacar as áreas mais impactadas pelo fogo, oferecendo informações estratégicas que possam apoiar a tomada de decisão em relação à gestão ambiental e territorial. Ao indicar os locais mais vulneráveis, esperamos contribuir para o desenvolvimento de políticas mais efetivas de prevenção e combate a incêndios, garantindo a conservação dos biomas brasileiros e a proteção de seus recursos naturais e sociais.

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