Representantes de universidades do Brasil e dos Estados Unidos, sociedade civil e setor privado se reuniram em Brasília, em 2 e 3 de maio, para discutir um dos maiores desafios da atualidade: como conciliar a produção de alimentos, a integridade ambiental e as mudanças climáticas.
O centro do debate foi a fronteira agrícola brasileira, que toma parte da Amazônia e do cerrado, e especificamente o Projeto Tanguro – iniciativa científica coordenada pelo IPAM que visa a desvendar detalhes da construção dessa paisagem sustentável.
Para a professora da Universidade de Brasília (UnB) Mercedes Bustamante, os biomas brasileiros sofrem com a falta de planejamento, principalmente no caso do cerrado, e atitudes devem ser tomadas urgentemente. “Estamos enfrentando desafios globais e este workshop é uma grande oportunidade para nos informarmos e discutirmos sobre o que está acontecendo quando o assunto é produtividade agrícola e conservação”, afirma Bustamante.
O evento contou com palestras, mesas redondas e grupos de discussões para analisar como a geração de informações científicas aplicadas a políticas públicas e ao manejo da paisagem promovem a sustentabilidade da fronteira agrícola entre a Amazônia e o cerrado.
Diversos temas foram debatidos, entre eles: como as mudanças do uso do solo impactam as florestas e os ambientes aquáticos; a dinâmica de nutrientes na produção; a biodiversidade dos biomas; e as relações entre o clima e a produtividade agrícola.
Para o presidente do Woods Hole Research Center (WHRC), Philip Duffy, um dos trabalhos dos cientistas é descobrir os limites do ambiente e passar esses dados para os políticos, para que eles evitem o pior. “O IPAM tem feito um papel importante em traduzir a ciência e levá-la para políticas públicas”, afirma Duffy. O WHRC é parceiro no Projeto Tanguro.
O diretor-executivo do IPAM, André Guimarães, encerrou o workshop frisando sobre a importância de valorizar as parcerias entre os setores ali representados. “Estamos todos juntos em apenas um lado que lida com a grande riqueza dos recursos naturais.”
O evento, realizado pelo IPAM com apoio do WHRC, da UnB e da Universidade de Brown, teve como mensagem o incentivo à conservação de florestas e dos seus serviços por meio da implementação de políticas públicas e da capacitação de lideranças; a busca pela produção de alimentos sustentável com o mínimo de impactos ao clima e à vegetação da Amazônia e do cerrado; e a importância do fornecimento de informações para a estabilização do clima por meio da redução da emissão de gases do efeito estufa.