Conectar atores-chave para a promoção da sustentabilidade da cadeia de valor do açaí e promover um bom ambiente de negócios foram os principais objetivos do workshop “Diálogos Pró-Açaí”, realizado no final de novembro, em Belém, no Pará. O próximo encontro deve ocorrer em março de 2020.
A iniciativa – que faz parte do projeto Mercados Verdes e Consumo Sustentável – foi liderado pelo consórcio EcoConsult/ IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, em parceria com o Instituto Terroá e apoio da GIZ (Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável).
A partir de uma abordagem participativa, o workshop deteve-se na definição de uma agenda comum de trabalho para 2020, organizada com base nos seguintes desafios: 1. Disponibilidade e integração de dados sobre a cadeia; 2. Promoção de padrões de sustentabilidade e rastreabilidade; 3. Criação de marco regulatório; 4. Fortalecimento de arranjos institucionais; 5. Adequações fitossanitárias; 6. Reaproveitamento de resíduos; entre outros.
Foco na economia sustentável
O objetivo do “Diálogos Pró-Açaí” é criar uma articulação nacional em torno da cadeia do açaí, tendo em vista a sua importância não só para a conservação da floresta em pé, mas para o avanço de uma economia comunitária inclusiva na Amazônia.
“A crescente demanda pelo açaí tem representado uma ameaça, em vários aspectos, à integridade ambiental e às comunidades extrativistas. Assim, devemos buscar soluções integradas para o problema dos monocultivos e fortalecer o manejo dos açaizais nativos e os empreendimentos de base comunitária”, afirmou a pesquisadora do IPAM, Erika Pinto. “É preciso apoiar também a agenda regulatória, sanitária e a definição de critérios de sustentabilidade da cadeia do açaí”, complementou.
Estavam presentes no evento diversos especialistas do setor privado, acadêmicos, sociedade civil, bancos e lideranças comunitárias que ofertam o produto para o mercado. Entre eles, representantes do FSC (Forest Stewardship Council), Banpará, Frooty, Asproc (Associação dos Produtores Rurais de Carauari), Bertolini, Amazonbai, Projeto RECA (Reflorestamento Econômico Consorciado Adensado), UFPA (Universidade Federal do Pará), UFPB (Universidade Federal da Paraíba), Cooperacre (Cooperação Central de Comercialização Extrativista do Acre), Petruz, Conexsus, Coalizão Brasil, Instituto Peabirú, entre outros.
O início
O projeto é resultado de uma ação idealizada no seminário “Diferenciação e Rastreabilidade para Cadeias da Sociobiodiversidade”, realizada em Brasília, em 2018, que contou com a presença de mais de cem organizações.
Na ocasião, o IPAM coordenou um estudo para subsidiar o debate sobre a sustentabilidade da cadeia do açaí. Em 2019, o grupo já havia iniciado o mapeamento dos principais desafios e oportunidades durante a “Convenção Internacional de Comércio e Normas Voluntárias de Sustentabilidade”, realizada em setembro, no Rio de Janeiro.