São Paulo, 26 de novembro de 2015 – Uma plataforma inédita em todo o mundo reunirá dados de satélites para mapear mudanças de uso da terra em todos os biomas brasileiros. O MapBiomas, produto do SEEG/Observatório do Clima, produzirá mapas anuais da cobertura e uso do solo no Brasil, com dados desde 1985 até os dias atuais. A ferramenta foi lançada em versão beta (ainda não finalizada) nesta quinta-feira (26), em São Paulo.
A plataforma está em desenvolvimento e utiliza a tecnologia do Google Earth Engine, que permite o processamento das imagens de satélite na nuvem de forma distribuída e rápida. A partir de um mosaico de pixels – os pontos de cores que formam as imagens digitais – gerado pelo processamento das imagens e a comparação com mapas de períodos anteriores, será possível identificar se houve alteração na cobertura do solo. Também é possível distinguir a variação desse uso, identificando, por exemplo, se uma área foi destinada a pastagem ou agricultura, e até diferenciar cobertura florestal original de áreas reflorestadas. O vídeo abaixo explica a dinâmica da ferramenta e o trabalho em rede dos especialistas.
A iniciativa surgiu para suprir a necessidade de informações atualizadas sobre a dinâmica de uso da terra no Brasil, dados necessários para contabilizar as emissões de gases de efeito estufa no País e para subsidiar políticas públicas no setor de uso da terra e agropecuária. Atualmente, os dados de mudança de uso do solo em escala nacional são produzidos somente em intervalos de cinco a oito anos.
“A produção de mapas anuais vai mudar a forma como enxergamos a dinâmica de uso do solo no Brasil e isso vai ser possível aplicando novas tecnologias e ferramentais hoje disponíveis que não existiam há poucos anos”, diz Tasso Azevedo, coordenador geral do projeto. As referências para calibrar a plataforma são mapas já existentes e utilizados oficialmente pelo governo brasileiro, como imagens do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do IBGE e do Ibama.
“É uma revolução para a conservação brasileira, pois as imagens vão mostrar um raio x real e atualizado de todas as áreas naturais que foram devastadas e as que foram recuperadas com florestas”, avalia André Ferretti, coordenador-geral do Observatório do Clima, do qual o IPAM faz parte. “O grande espírito do MapBiomas é disponibilizar de forma mais fácil e organizada dados que antes estavam disponíveis apenas para especialistas.”
Os técnicos envolvidos no projeto também destacam que os dados gerados pelo MapBiomas poderão apoiar o monitoramento das metas brasileiras de redução de emissões de gases de efeito estufa e em outras políticas relacionadas a conservação e uso do solo, como a implementação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
Para Ana Cristina Barros, secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, a sociedade civil deve dialogar com o governo para melhorar o uso dos dados, pois os mapas por si só não interferem em políticas públicas. “É necessário diminuir ruídos no lançamento de dados oficiais e dados da sociedade civil e tornar mais úteis essas informações.”
O acesso à ferramenta de trabalho e aos dados será aberto, possibilitando que pesquisadores do Brasil e de fora do país usem os produtos gerados e trabalhem na ferramenta que gera os dados gerando informações específicas e personalizadas. “O MapBiomas é um projeto inovador e ambicioso para entender as mudanças de uso do solo no Brasil”, diz Rebecca Moore, Diretora do Google Earth Engine “e acreditamos que se alinha naturalmente com nosso compromisso na Google de desenvolver tecnologias que ajudam as pessoas a encontrar, usar e gerar informações úteis para enfrentar os desafios de nosso tempo”.