O papel da produção de alimentos saudáveis e do reflorestamento produtivo para o desenvolvimento da agricultura familiar na Amazônia foram destaques de seminário realizado SEAF-PA (Secretaria de Agricultura Familiar e Povos Tradicionais do Pará) e pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) neste mês de julho durante a 76ª reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). O encontro reuniu especialistas, agricultores e lideranças de movimentos sociais para discutir práticas sustentáveis e iniciativas inovadoras que contribuem com a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Lucimar Souza, diretora adjunta de Desenvolvimento Territorial do IPAM, ressaltou o impacto positivo da agroindustrialização na diversificação da produção. “Quando uma propriedade ou um coletivo de agricultores passa a contar com uma agroindústria, a renda melhora, pois produz mais com boas práticas, diversifica a produção e pode atender a novos mercados”, afirmou. Souza destacou o projeto Sustenta & Inova, realizado em parceria com o SEBRAE e a União Europeia no Brasil, que visa desenvolver e implementar práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras na Amazônia brasileira, com foco na conservação da biodiversidade, redução do desmatamento e restauração da paisagem.
Na região Transamazônica, as atividades do Sustenta & Inova incluem a regularização ambiental, intensificação dos sistemas produtivos, agregação de valor nas cadeias produtivas, comunicação para valorização da produção familiar e fortalecimento da gestão das organizações. “Estamos atuando em seis municípios, com 20 empreendimentos apoiados, oferecendo assessoria técnica, apoio na aquisição de equipamentos, na melhoria das instalações dos empreendimentos, elaboração de marcas e outras ações voltadas à melhoria dos negócios”, detalhou Lucimar.
Entre os desafios voltados à agenda de agroindustrialização, Souza destacou o custo das obras civis, a falta de assessoramento técnico às famílias, dificuldades no acesso a crédito, distância das indústrias fornecedoras de equipamentos e o custo da energia elétrica. Ainda, a diretora adjunta mencionou a importância de diversificar os canais de comercialização e estruturar selos de inspeção municipal e enfatizou que “mesmo com os desafios que existem, hoje o Estado do Pará possui uma legislação que ampara a regularização dos empreendimentos de pequeno porte como empreendimentos de produção artesanal e isso para a agricultura familiar do Estado, é um grande avanço”.
Apoio à agricultura familiar
O titular da SEAF, Cassio Alves, apresentou o Programa de Produção de Alimentos Saudáveis e Reflorestamento Produtivo, que pretende estruturar territórios com agricultura familiar e comunidades tradicionais, promovendo a produção de alimentos saudáveis e o reflorestamento de áreas degradadas com SAFs (Sistemas Agroflorestais) e ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta). “Nosso objetivo é criar ecossistemas de suporte que respeitem as características sociais, econômicas e ambientais de todas as regiões do estado”, disse Alves.
Michele de Melo Lima, da SEMAS-PA (Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará), apresentou a Plataforma Territórios Sustentáveis, que integra setores público e privado, além do Terceiro Setor, para promover o desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono. “Essa iniciativa busca fortalecer ações de desenvolvimento sustentável e já beneficiou mais de 9.500 pessoas, além de recuperar mais de 3.300 hectares”, explicou.
O evento contou com a participação de agricultores familiares de diferentes regiões do estado, além de lideranças da Fetagri-Pa (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Pará) e Fetraf-Pa (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Estado do Pará), promovendo um espaço de diálogo e troca de experiências para enfrentar os desafios e avançar em práticas sustentáveis na agricultura familiar, bem como para fortalecer a implementação do Programa Estadual apresentado.