Por Marcelo Freitas*
Na escola, ela é a diretora da unidade Nossa Senhora de Fátima, da aldeia Jauarituba, localizada na Resex (Reserva Extrativista) Tapajós-Arapiuns e é responsável por 140 alunos.
Fora dela, o conhecimento sobre os efeitos das mudanças climáticas é natural: basta simplesmente olhar para o céu. “A gente não tem como mais prever. Antes, com nuvem escura vinha chuva. Agora não é mais assim. Às vezes o céu tá claro e do nada acontece essa chuva”, observa.
Depois de sentir na pele que o clima mudou, a população se organizou em torno de um projeto para restaurar a floresta. Nasceu o Observatório Tupinambá.
“É um reservatório de restauração da área queimada. Essa área que eles estão trabalhando foi queimada em 2017 e 2019. Nós adotamos essa restauração para, assim, a gente conseguir uma área preservada ali, que não seja mexida. Para ver daqui há alguns anos como que ela vai estar. Essa área daí vai ser a nossa vida. Vai nos doar o carbono, o oxigênio, a água”, afirma.
Os efeitos do clima para a comunidade são sentidos por todos. “Nós estamos sentindo um calor muito intenso”, revela.
A Resex foi um local atingido por um incêndio florestal, no fim do ano passado. O fogo destruiu plantações e tornou a fauna mais pobre. “Tirou da comunidade o catitu, o jabuti, até a cobra. E quanto à árvore frutífera, o pequi, o uxi, a bacaba, além de cumaru, cupuaçu e andiroba”, relata.
Além disso, os efeitos da fumaça têm gerado preocupação para a saúde da população. “Há dificuldade para respirar, dores de cabeça repentinas e aumento de casos de doenças como o AVC. Vejo isso como uma consequência das queimadas e das altas temperaturas que enfrentamos hoje”.
*Gerente de Comunicação do IPAM