A COP29 em Baku, no Azerbaijão, termina com avanços tímidos na pauta do clima, muito aquém da expectativa de se ter uma nova meta ambiciosa de financiamento climático e adaptação. A regra internacional sobre mercado de carbono aprovada foi um dos destaques – decisão que demorou 10 anos, uma vez que já estava prevista no Acordo de Paris.
Por 12 dias, 196 países se debruçaram sobre textos de nove temas diferentes, fizeram longas reuniões, trocaram experiências e farpas, mas o resultado esteve longe da urgência que a emergência climática mundial exige. A COP das finanças esbarrou nas resistências dos países do Norte Global – os mais ricos e mais poluidores – e a meta de repasse de recursos para os países pobres e em desenvolvimento, que sofrem mais com os efeitos das mudanças climáticas, ficou em US$ 300 bilhões por ano até 2035 – abaixo dos US$ 1,3 trilhões anuais que vários países defendiam. As regras de como se chegará a esse número é uma incógnita.
“Pouco se avançou. É importante dizer, havia uma expectativa para criar, amplificar os compromissos financeiros para a gente fazer a virada e adaptação. Vai ficar muita coisa para Belém”, avalia André Guimarães, diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
Temas como Transição Justa e o Balanço Global, que trata sobre a eliminação gradual do uso de combustíveis fósseis, são compromissos que naturalmente já entram na pauta de Belém.
O Brasil foi representado por uma delegação de 1.914 entre pessoas, empresários, políticos, representantes da sociedade civil, indígenas e integrantes dos governos estaduais e federal. Ao fim da COP29, o país recebeu oficialmente a presidência da COP30, que já tem data marcada: de 10 a 21 de novembro de 2025.
Para André Guimarães, a marca da COP de Baku será a união de diversos atores brasileiros para a necessidade de avanços na pauta climática. “Tem muita coisa para ser feita, mas o Brasil me parece unido e determinado. Pelo menos foi uma percepção minha: eu senti um Brasil unido aqui. A gente viu o governo, sociedade civil, ciência, acadêmicos, setor privado, de várias áreas, agricultura, indústria, transportes que, muito recentemente, estavam brigando e disputando espaço. Aqui em Baku, estavam unidos em busca de um caminho comum”, analisou.
O IPAM teve participação ativa nas discussões da COP29. Além do evento oficial que tratou sobre a proteção das florestas por meio do mercado de carbono, os representantes do instituto também debateram pauta indígena, restauração, mecanismos financeiros, bioeconomia, fogo, descarbonização e cooperação com o Sul global.
A participação do IPAM ocorreu no Espaço do Brasil, no Consórcio da Amazônia Legal e em pavilhões estrangeiros e de entidades internacionais, na Zona Azul, além do Espaço da Indústria, na Zona Verde.
O caminho de Baku a Belém finalmente começa a ser traçado.