PROTEJA lança curso de técnicas de comunicação com inscrições até dia 25

16 de agosto de 2023 | Notícias

ago 16, 2023 | Notícias

Karina Custódio*

Criado pela Iniciativa PROTEJA para impulsionar a produção de conhecimento, a primeira edição do PROTEJA Educa irá formar jovens indígenas e extrativistas sobre técnicas de comunicação com inscrições abertas até 25 de agosto. A COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e o CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas) também integram a construção da formação.

“Pretendemos com o curso fortalecer a divulgação e adoção de práticas sustentáveis, ampliar a proteção territorial e os direitos das comunidades envolvidas, e, ao mesmo tempo, visibilizar a história e cultura das populações tradicionais”, afirma Carolina Guyot, analista de pesquisa do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), organização a frente da secretaria executiva do PROTEJA.

Abertas desde 14 de agosto, as inscrições para a formação vão até o dia 25. Para se inscrever, é preciso preencher um formulário online. Entre os critérios de seleção, além de pertencer às seis unidades de conservação e quatro terras indígenas do Amazonas listadas no edital, estão: ter acesso à internet, ser alfabetizado(a) e participar de uma organização ligada ao seu território.

Para viabilizar a participação nas aulas e a construção dos produtos de comunicação, cada estudante receberá um celular, com bateria movida a energia solar, cedido pelo IPAM, por meio da iniciativa PROTEJA, ao CNS e à COIAB.

Pertencente a comunidade Boa Esperança, Daniel Moraes pretende se inscrever na seleção.

Daniel Moraes vive no entorno da reserva de desenvolvimento sustentável do rio Madeira e é um dos jovens interessados no curso, ele vê a formação como uma oportunidade para ajudar sua comunidade.

“Venho observando o impacto que a falta de comunicação nas comunidades causa. Acredito que a comunicação é o começo de um futuro melhor para nós. Sem ela não há diálogo. Sem diálogo não tem políticas públicas”, pontua o acadêmico de administração.

Na luta pelos direitos da população extrativista há cinco anos, Cátia Santos, coordenadora de comunicação digital do CNS, detalha que quem vive em unidades de conservação enfrenta muitos desafios. Ela explica que a distância com os centros urbanos, o baixo acesso à tecnologia e até mesmo a distorção sobre o que acontece em áreas de proteção, impede a conscientização sobre esses espaços.

“O curso de comunicação pode ajudar que as nossas comunidades construam uma estratégia de comunicação. Os jovens podem aprender como produzir conteúdo que transmita nossas mensagens, para utilizar os meios de comunicação como meio de visibilidade e defesa do nosso território”, acredita. Kátia argumenta ainda que a formação pode criar redes de parcerias entre indígenas e extrativistas.

A formação não repassará apenas técnicas e conceitos de comunicação, mas também conteúdos sobre a crise climática, serviços ecossistêmicos, mercado de carbono, orientações sobre o portal PROTEJA, além de crimes e ameaças ambientais, sociais e ao território.

Metodologia e construção participativa

Além de contar com instituições atuantes no Amazonas em sua organização, o curso adota uma metodologia baseada na prática e na escuta. Os formatos de comunicação que serão ensinados foram escolhidos pelos próprios jovens das áreas protegidas, por meio de consulta online. Técnico de comunicação da COIAB, Edinho Cruz explica porque é preciso incluir povos tradicionais nos processos de construção.

“A participação ativa das comunidades na construção de formações são fundamentais para garantir a relevância, eficácia e sustentabilidade. Essas comunidades, possuem um conhecimento profundo e singular sobre seu ambiente, cultura e necessidades específicas.”, revela. Ele acrescenta que a inclusão torna o processo verdadeiramente sustentável.

Quem executa essa metodologia é o Coletivo 105, consultoria contratada pelo IPAM. Para garantir a acessibilidade do conhecimento trocado na formação, o grupo trabalha com educomunicação voltada a povos tradicionais desde 2015. Especialista em mobilização social, Mauro Siqueira integra o Coletivo e explica como funciona a metodologia.

“Adotamos a metodologia da sala de aula invertida, onde os estudantes primeiro acessam o conteúdo em suas casas, seja por meio de videoaulas, leituras ou exercícios, e, em seguida, utilizam as aulas para aprofundar e assimilar o conhecimento por meio de resolução de problemas e trabalhos em grupo, seja virtualmente ou em oficinas presenciais.”

Entre os professores do curso estão o produtor de conteúdo e comunicador indígena Cristian Wari’u, a cineasta e fotografa Patrícia Guajajara e uma equipe com mais de seis pessoas para acompanhar os 26 estudantes.

 

*Jornalista do IPAM.


Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Veja também

See also