Trinta e oito agricultores familiares dos municípios paraenses de Pacajá, Anapu, Senador José Porfírio, Itaituba, Aveiro, Santarém e Mojuí dos Campos participaram no último mês de um intercâmbio sobre fruticultura em Tomé-Açú (PA). A iniciativa foi promovida pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), dentro do Projeto Assentamentos Sustentáveis na Amazônia (PAS), em parceria com a Fundação Viver Produzir e Preservar (FVPP) e o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Entre os dias 21 a 24 de abril, os agricultores visitaram propriedades que trabalham com sistemas agroflorestais (SAFs). Esse modo de produção estimula o cultivo de diferentes espécies em uma mesma área, o que permite melhor aproveitamento de espaço e reduz custos de produção.
Uma das propriedades visitadas foi a do agricultor José Maria Mendes, que numa área de 70 hectares produz cacau, dendê, pimenta-do-reino, açaí, cupuaçu e algumas essências florestais, como andiroba e mogno. Para ele, há vantagens em trabalhar com sistemas agroflorestais. “Se eu trabalhasse com monocultivo, minha renda com certeza seria muito maior, só que com o risco de perder toda a minha produção caso haja qualquer problema”, explica Mendes. “Já no sistema agroflorestal, eu consigo ter uma boa renda durante todo o ano, pois cada espécie possui uma época de safra diferentes. Quando o cacau está fraco, eu tenho a renda do dendê, do açaí e assim por diante. Para mim, o SAF é muito vantajoso.”
Durante o intercâmbio, os participantes também tiveram conheceram a Cooperativa Mista de Tomé-Açu (CAMTA). Fundada em 1931, a cooperativa tornou-se um exemplo de atuação comunitária, ao apoiar e promover o sistema agroflorestal no município e com assistência técnica. Sua fábrica produz polpas beneficia pimenta-do-reino, cacau e óleos.
“Além de manter um padrão de qualidade, reaproveitamos resíduos da agroindústria, como a semente de cupuaçu e de maracujá, de onde extraímos óleo. Dessa forma agregamos mais valor ao produto”, afirmou Emerson Toshimichi Noguchi, técnico responsável pelo setor de beneficiamento de produtos da CAMTA.
“É diferente quando o técnico vai à nossa casa e nos fala sobre esse tipo de sistema comparado a gente ver a coisa acontecendo e dando certo. Foi uma experiência muito boa”, afirmou a agricultora Nair Neres da Rocha.
O agricultor José de Ribamar do Nascimento destacou a importância de ter participado do intercâmbio: “Saio com a mente mais aberta. Pretendo implantar esse sistema na minha propriedade e também vou incentivar os companheiros que não vieram para trabalhar com o mesmo sistema, pois eu vi que é muito vantajoso.”