O Cerrado perdeu 29 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 34 anos, um terço de tudo o que foi desmatado no Brasil nesse período. Com isso, o bioma tem hoje 56% da sua área coberta por vegetação nativa e 40% voltado a atividades agropecuárias.
Essas informações fazem parte do MapBiomas, iniciativa que mapeia todos os biomas do Brasil. Os dados estão disponíveis gratuitamente no plataforma mapbiomas.org e foram apresentados no IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, que acontece até sábado em Brasília.
“O Cerrado é o bioma mais central e estratégico do Brasil, o segundo maior da América do Sul e a savana mais rica em biodiversidade do mundo. E, mesmo assim, é o bioma mais ameaçado do Brasil”, disse a diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Ane Alencar. O IPAM é a organização responsável pelo mapeamento da cobertura de vegetação nativa do Cerrado dentro do MapBiomas.
Na ocasião, Alencar também mostrou a nova ferramenta MapBiomas Alerta, que observa o desmatamento recente e gera laudos com imagens em alta resolução. Eles ficam disponíveis automaticamente para órgãos de fiscalização, como Ibama e Ministério Público Federal (MPF), e também para o público em geral, no site alerta.mapbiomas.org.
Segundo esse sistema, que já está em operação, 95% dos desmatamentos que aconteceram nos três primeiros meses de 2019 no Cerrado foram ilegais. “A dificuldade de combate ao desmatamento ilegal no Brasil não é mais um problema tecnológico”, afirmou Alencar.
O assessor jurídico da ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza), Guilherme Eidt, reforçou as oportunidades que o MapBiomas Alerta fornece aos povos tradicionais na defesa de seus territórios. “É uma oportunidade de atuar no combate ao desmatamento ilegal no Cerrado a partir das perspectivas das comunidades locais”, explica Eidt. “Quem vê desmatamento no campo pode ir até o site do MapBiomas Alerta, imprimir o laudo ligado a isso e entrar com uma ação no MPF, por exemplo.”
O MapBiomas é uma iniciativa multi-institucional envolvendo ONGs, universidades e empresas de tecnologia dedicada a mapear as mudanças na cobertura e uso da terra dos biomas brasileiros para apoiar e promover o manejo sustentável e a conservação dos recursos naturais do país. O IPAM coordena o mapeamento do bioma Cerrado.