Karina Custódio*
Pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) estão entre os 50 cientistas brasileiros mais citados em artigos científicos e documentos que norteiam políticas públicas internacionalmente. Levantamento foi publicado nesta quinta-feira (6), pela Agência Bori e Overton e se baseia em análise de documentos ligados à tomada de decisão publicados entre 2019 e julho deste ano.
A publicação mapeou os 107 pesquisadores brasileiros mais citados, e os membros do IPAM ficaram entre as 50 primeiras posições. Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM, está na 21ª posição, sendo a terceira mulher mais citada. Paulo Artaxo, presidente do Conselho Deliberativo do IPAM e pesquisador da USP (Universidade de São Paulo), foi o 41º mais citado. Paulo Moutinho, pesquisador sênior do Instituto, foi o 50º mais citado.
Ao todo, os três foram citados em 1.034 artigos científicos, documentos estratégicos, relatórios técnicos e pareceres usados por governos, organismos internacionais e organizações da sociedade civil em decisões políticas.
“Eu fiquei muito honrada em saber que estou na lista, foi especialmente gratificante estar entre as poucas mulheres nesse grupo, e principalmente as mulheres do norte do Brasil e da Amazônia. O mais importante para mim é quando a ciência consegue atravessar muros e influenciar decisões políticas que afetam todo o meio ambiente e a sociedade. Esse relatório mostrou que nosso trabalho no IPAM tem conseguido alcançar isso”, manifestou Ane Alencar.
Ane Alencar também já foi reconhecida como destacada pela revista científica Fire como uma das líderes mundiais na ciência sobre o fogo. Foto: Ivan Canabrava/IPA
A pesquisadora também é uma das cinco mulheres influentes no campo “Ecossistemas e uso da terra”, mais volumoso do levantamento, mas onde mulheres são minoria. Entre os documentos que citam pesquisas realizadas por Alencar, o levantamento destaca o relatório “O estado das florestas do mundo 2020: Florestas, biodiversidade e pessoas”, elaborado pela UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), amplamente utilizado para embasar ações relacionadas a florestas em todo o mundo.
“É uma satisfação muito grande ser mencionado na lista. Nós fazemos ciência para construir um mundo melhor, e nada como estruturar políticas públicas para efetivamente construir uma sociedade mais justa e mais sustentável. Também é uma alegria ver pesquisadores do IPAM nesta lista, porque o instituto realmente faz pesquisas olhando para a melhoria da qualidade de vida da população amazônica”, comentou Paulo Artaxo.
“A lista revela que a ciência brasileira é capaz de deixar legados, servindo como base para o direcionamento de políticas públicas importantes para a população do país. De certa forma, é um reconhecimento à contribuição científica que o IPAM fez e faz para a proteção dos nossos biomas”, expressou Paulo Moutinho.
O pesquisador relembra que o Instituto esteve presente na construção de políticas públicas ambientais desde sua fundação. “Uma grande contribuição das pesquisas do IPAM foi na construção da primeira Política Nacional de Mudanças Climáticas, aprovada pelo Congresso em 2009. Também influenciamos a inclusão das florestas tropicais de países em desenvolvimento nas negociações do clima. O IPAM trouxe, junto com parceiros, o papel da floresta amazônica para o equilíbrio do clima global”, acrescenta Moutinho.
Mercedes Bustamante, ex-conselheira do IPAM, também é citada no levantamento, pesquisadora da UnB (Universidade de Brasília), Bustamente teve seu trabalho citado em 416 documentos e artigos científicos que subsidiaram decisões políticas.
Ação contra mudança do Clima
Marcia Macedo e Leonardo Macarahipes durante pesquisa na Estação de Pesquisa Tanguro (MT). Foto: Paulo Brando/IPAM
O relatório também mapeou 50 cientistas que influenciam documentos que embasam políticas públicas relacionados ao ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) 13: Ação contra a mudança global do clima. Seis membros do IPAM figuram na lista: Marcia Macedo, Paulo Brando, Daniel Nepstad, Ane Alencar, Paulo Artaxo e Paulo Moutinho.
Esse levantamento mostra 902 documentos e artigos científicos onde os pesquisadores foram citados. O IPAM é a única organização não governamental com pesquisadores presente na lista.
