Uma pesquisa pioneira nesse formato busca estruturar modelos de bioindústria na Amazônia Legal para fomentar a bioeconomia regional. A iniciativa é fruto de uma cooperação técnica entre o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), firmada em 2024.
Em execução, o projeto busca consolidar um conceito ainda em desenvolvimento e fornecer subsídios para a criação de políticas públicas que promovam uma industrialização sustentável e alinhadas às realidades do território amazônico.
A pesquisa conta com levantamento robusto e organização de Big Data, incluindo dados secundários, aplicação de questionários e monitoramento ativo de empreendimentos e novos negócios da bioeconomia, além de eventos estratégicos ligados à agenda de desenvolvimento sustentável na região.
“A bioeconomia tem potencial para se consolidar como um vetor de desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal, desde que apoiada por políticas públicas que reconheçam os ativos socioculturais e ambientais da região. A construção de arranjos políticos e programáticos entre diferentes níveis de governo é fundamental para criar as condições habilitantes à sua implementação. A partir dessa base, é possível estruturar instrumentos normativos, fiscais e financeiros que fortaleçam cadeias produtivas sustentáveis, valorizem os saberes locais e atraiam investimentos comprometidos com a conservação da floresta e o bem-estar das populações amazônicas”, afirma Gabriela Savian, diretora de Políticas Públicas do IPAM.
As análises fornecerão insumos para a elaboração de políticas públicas que contemplem modelo de industrialização compatível com as singularidades do território amazônico, propondo que o desenvolvimento econômico esteja em sinergia com o meio ambiente e bem-estar social das populações locais.
Para isso, pesquisadores amazônidas distribuídos pelos nove estados que compõem a Amazônia Legal agregam capilaridade que permite uma análise aprofundada das nuances e potencialidades de cada localidade, garantindo que as propostas sejam eficazes.
“Nos últimos meses, temos consolidado uma base de conhecimento sólida sobre os empreendimentos e cadeias produtivas vinculadas à bioindústria na Amazônia Legal. O trabalho articula análises de dados secundários, cruzamento de informações setoriais e um levantamento primário realizado diretamente com atores produtivos nos territórios”, afirma Rafaela Costa, pesquisadora do IPAM e coordenadora do projeto.
O estudo será apresentado durante o evento “Bioeconomias da Amazônia: Escalando uma Transição Justa e Sustentável”, promovido pela Semas (Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade do Pará), com apoio do IPAM e outros parceiros estratégicos.
A apresentação ocorrerá no painel ‘Bioeconomia em Dados’, na quarta-feira (16), às 10h30, no anfiteatro do Espaço São José Liberto, em Belém (PA). A programação integra a Semana do Clima da Amazônia, uma iniciativa colaborativa da sociedade civil e do setor privado voltada à promoção de soluções concretas para os desafios ambientais, sociais e culturais da região.
“O painel será uma oportunidade para compartilhar parte desses achados e mostrar como eles podem orientar políticas públicas e decisões estratégicas voltadas à escalabilidade e valorização da bioeconomia amazônica”, afirma Costa.