De forma inédita, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) decidiu que passará a considerar os benefícios da floresta para a agricultura. Após ouvir uma coalizão de cientistas do mundo inteiro, inclusive do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a agência da ONU decidiu pela elaboração do relatório “Benefícios das florestas e árvores para a agricultura”, que deve ser divulgado em junho de 2025.
Serão quatro capítulos: 1) floresta e clima e as consequências para a agricultura; 2) floresta e a saúde do trabalhador no campo; 3) floresta e produção de água para a agricultura; e 4) florestas e serviços ecossistêmicos de relevância para a produção agrícola.
O IPAM lidera a discussão sobre os efeitos da floresta na regulação de temperatura e umidade e os benefícios para a produção agrícola. O estudo é conduzido por Ludmila Rattis, coordenadora do projeto GALO (Global Assesment From Local Observations ou Avaliação Global a partir de Observações Locais) da instituição junto aos pesquisadores Bárbara Guedes e André Andrade.
“A FAO, que é o braço da ONU que pensa as questões de produção, tem o departamento de agricultura e de recursos florestais. Nosso relatório é o primeiro que junta os dois departamentos para sintetizar o que sabemos sobre os benefícios da floresta para a agricultura “, revela Ludmila Rattis.
O GALO é um inovador projeto de pesquisa para investigar a fundo a inter-relação entre agricultura e preservação de vegetação natural dentro dos biomas da Amazônia e do Cerrado, entender o impacto em relação às condições climáticas locais e a conexão destes fatores com a estabilidade da produção agrícola.
A FAO também incluirá no relatório estudos de caso ao redor do mundo.
Contribuição anterior
Não é a primeira contribuição do IPAM para a FAO este ano. O Instituto, em parceria com Centro de Pesquisa Climática Woodwell, contribuiu no SOFO, relatório periódico da FAO sobre o estado das florestas ao redor do mundo, com o tema: “Usando novos dados sobre o papel das florestas na produtividade rural para financiar a conservação em uma fronteira de fazenda e vegetação nativa”, diz Rattis. Em resumo, trata da influência dos crescentes eventos climáticos na produção agrícola e como, por meio de inovação tecnológica, é possível identificar e promover a preservação ambiental.
Um dos exemplos citados é o Conserv, mecanismo que paga uma compensação financeira a produtores rurais para manter o excedente de reserva legal em propriedades privadas. Até o momento, 21 mil hectares em 23 propriedades privadas, de Mato Grosso e do Pará, foram contratados, resultando em um benefício potencial de 2,2 milhões de toneladas de emissões evitadas de dióxido de carbono na atmosfera.
O relatório da FAO pode ser lido neste link.