Suellen Nunes*
O Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia marca um novo capítulo para o desenvolvimento sustentável na região. Inaugurado na semana passada, em Belém (PA), o espaço nasce como o maior polo de bioeconomia da América Latina e o único parque tecnológico do mundo voltado à bioeconomia florestal, conectando ciência, tecnologia e saberes tradicionais para impulsionar negócios sustentáveis no bioma. O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) apoiou a estruturação conceitual do parque, contribuindo para a consolidação de um modelo que alia inovação e conservação na Amazônia.
A obra, que integra o conjunto de preparativos da cidade para a COP30, faz parte do Plano Estadual de Bioeconomia. Localizado nos Armazéns 5 e 6 do antigo porto de Belém, dentro do projeto Porto Futuro 2, o novo espaço de 6 mil metros quadrados reúne pesquisa científica, tecnologia e conhecimentos tradicionais para transformar a riqueza da biodiversidade amazônica em produtos, serviços e oportunidades de negócios que fortalecem a economia verde na região.

“Estamos criando um espaço onde o conhecimento científico, a inovação tecnológica e a sabedoria das comunidades tradicionais caminham juntos para valorizar a nossa biodiversidade e transformá-la em oportunidades sustentáveis. Queremos que este seja um ambiente vivo de cooperação, onde ideias se tornem soluções, negócios se tornem impacto e a floresta se torne sinônimo de prosperidade”, ressaltou Raul Protázio Romão, secretário de Meio Ambiente do Estado do Pará.
“O IPAM foi um parceiro de primeira hora do Governo do Estado do Pará, quando nós começamos a pensar qual era a bioeconomia que nós queríamos para o Estado. Nos ajudou a construir a Estratégia de Bioeconomia do Estado, fornecendo bases sólidas para a construção do Plano de Bioeconomia”, destacou Camille Bemerguy, secretária adjunta de Bioeconomia da SEMAS/PA (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará)
Com base nessa cooperação técnica, o IPAM passou a apoiar o Estado na consolidação do conceito do Parque de Bioeconomia da Amazônia, pensado como um ecossistema estratégico para promover inovação, desenvolvimento produtivo e fortalecimento das cadeias sustentáveis.
“O IPAM apoiou a estruturação conceitual e metodológica do Parque, pensada para catalisar a bioeconomia no Pará e impulsionar soluções que superem os principais gargalos do setor. Através deste espaço, será possível conectar conhecimento prático, ciência, mercado e políticas públicas, com ambientes dedicados ao empreendedorismo e inovação”, explicou Gabriela Savian, diretora de Políticas Públicas do IPAM.

No Armazém 5, o Centro de Negócios reúne iniciativas que fortalecem a bioeconomia amazônica, com espaços de coworking, incubação, investimento e inovação. Ali também funcionam o Centro de Sociobioeconomia, que integra comunidades, startups e pesquisadores no Laboratório Vivo e na Escola de Saberes da Floresta; e o Centro de Gastronomia Social, dedicado a valorizar a culinária amazônica e os saberes tradicionais por meio de práticas sustentáveis.
O local também abriga uma arena interativa com arquibancada e estrutura modular voltada a eventos, oficinas e encontros colaborativos, projetada para fortalecer o ecossistema de inovação e bioindústria do estado, estimulando conexões entre pesquisadores, empreendedores, investidores e comunidades locais.
Laboratório-Fábrica: um impulso para a bioindústria amazônica
O Armazém 6 abriga o Laboratório-Fábrica, representando o elo entre ciência e produção, com o objetivo de criar condições para o surgimento de bioindústrias amazônicas competitivas.
“O Parque de Bioeconomia é também uma estratégia de escala; um instrumento para transformar o potencial da biodiversidade em produção, conectar negócios ao mercado e gerar desenvolvimento a partir da floresta em pé. O Laboratório-Fábrica representa essa transição prática para a bioindústria: do conhecimento científico à produção real, da inovação à geração de valor”, destacou Rafaela Reis, Coordenadora de projetos de Políticas Públicas do IPAM.

Com estrutura voltada ao desenvolvimento de alimentos, cosméticos e insumos de origem florestal, o espaço conecta cientistas e empreendedores por meio da Gestão de P&D (Pesquisa e desenvolvimento) e do Showroom de Inovação, apresentando tecnologias e soluções sustentáveis a potenciais investidores e parceiros. O local atua como uma bioindústria piloto, permitindo que ideias saiam do laboratório e avancem até as etapas de formulação, testes e validação de mercado, fortalecendo a transição da Amazônia para uma economia de baixo carbono baseada em conhecimento, valor agregado e floresta em pé.
A criação do Parque de Bioeconomia dialoga diretamente com os resultados da pesquisa sobre bioindústrias na Amazônia Legal, conduzida pelo IPAM em parceria com a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial). O estudo já identificou cerca de 11 mil empreendimentos ativos na região, abrangendo desde iniciativas comunitárias até negócios inovadores de base florestal. Esses dados estão sendo sistematizados em uma plataforma que permite análises sobre produção, uso de conhecimento tradicional, maturidade dos empreendimentos e sua relação com políticas públicas.
“Ao conectar o Laboratório-Fábrica às oportunidades mapeadas pelo projeto de bioindústrias, o Parque passa a atuar como plataforma de escala e inovação, aproximando empreendedores, pesquisadores e investidores. Essa convergência fortalece o papel do Pará como referência nacional na transição para uma economia de baixo carbono, promovendo uma industrialização sustentável, compatível com a floresta e com os modos de vida locais, e posicionando a Amazônia como protagonista global na construção de um modelo de bioindústria de base florestal, inclusiva e competitiva.” finalizou Rafaela.
Analista de comunicação do IPAM*


