O governo anunciou hoje a mais baixa taxa de desmatamento na Amazônia desde que começaram os registros oficiais, em 1988. De acordo com os números do Projeto de Monitoramento do Desflorestamento da Amazônia Legal (PRODES) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) o total desmatado em 2008/2009, foi de 7000 km2 ou 700 mil hectares. A taxa é 45% inferior ao registrado em 2007/2009 (12 mil km2).
O tamanho da área desmatada não deve ser subestimada, pois ela é superior à extensão total do Distrito Federal, 5800 km2. Entre as tendências de desmatamento, o Pará e o Mato Grosso são os estados que lideram as derrubadas, principalmente com o avanço da fronteira agropecuária pelo eixo da BR-163.
Segundo André Lima, coordenador políticas publicas do IPAM, três foram os fatores determinantes para essa queda livre no desmatamento:
1 Reforço nas ações de controle dos desmatamentos principalmente a partir de 2007, com as ações propostas pela então Ministra Marina Silva (mantidas pelo Ministro Minc) dentre as quais destacam-se o corte no crédito para agropecuária ilegal, a lista de municípios amazônicos críticos, recadastramento rural obrigatório, reforço nas ações da polícia federal e Ibama, lista de produtores rurais com propriedades embargadas, além da Operações Arco de Fogo e Arco Verde.
2 Crise econômica global com impactos fortes nos mercados dos principais vetores de desmatamento como madeira, carne, soja e siderurgia (consumo de lenhas oriundas de florestas nativas) principalmente entre o 2º semestre do ano passado e o 1º semestre desse ano.
3 Aumento recente na expectativa da sociedade regional amazônica de que a floresta em pé vai valer concretamente mais do que derrubada em função do reconhecimento dos serviços ambientais globais que ela presta.
Ainda segundo André, é preciso cautela na comemoração: “o agravante é que no próximo ano a crise econômica global deve perder força e teremos eleições gerais para governadores, parlamentares e presidente da república, ano em que aplicar multas, embargar áreas e atividades e processar os tubarões do desmatamento não rende voto nos rincões florestais do nosso país.” Para André, é ainda motivo de preocupação que o resultado de 2009 possa “tranqüilizar os governos” e resultar num afrouxamento do esforço para 2010 (ano de eleição).
Veja no Blog do IPAM, o depoimento completo de André Lima sobre o assunto, e de Paulo Moutinho.