*Suellen Nunes
O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e a UFAC (Universidade Federal do Acre) lançam a nova versão da plataforma Acre Qualidade do Ar, um ambiente digital interativo que permite o acompanhamento em tempo real dos níveis de poluição atmosférica nos municípios do Acre.
O sistema oferece dados abertos e precisos sobre poluentes atmosféricos, permitindo monitorar variações ao longo do tempo, identificar áreas críticas e apoiar pesquisas e políticas públicas voltadas à saúde e à preservação ambiental. Além disso, disponibiliza painéis interativos, mapas dinâmicos e atua como ferramenta de apoio à gestão ambiental e à formulação de políticas públicas.
Segundo Willian Flores, professor da UFAC e pesquisador, o monitoramento contínuo da qualidade do ar na Amazônia é essencial. “A estação seca provoca, todos os anos, uma forte piora nos níveis de poluição ligada às queimadas. Ainda assim, há pouca informação sobre a real dimensão desse agravamento e sobre os impactos da exposição prolongada da população aos poluentes atmosféricos”, explica.
Pioneira no Acre desde 2019
A plataforma reúne dados de uma rede de sensores de baixo custo instalada nos municípios acreanos desde 2019, organizados em painéis interativos que permitem acompanhar, em tempo real, os níveis de material particulado e a classificação da qualidade do ar.
Pioneira na região, a rede de monitoramento consolidou o Acre como o primeiro estado brasileiro a cobrir 100% de seus municípios com esse tipo de tecnologia, tornando-se referência para iniciativas semelhantes conduzidas por instituições públicas e organizações do terceiro setor na Amazônia Legal.
“Estamos trabalhando com vários parceiros da Coalizão Respira Amazônia para aprimorar o monitoramento da qualidade do ar na Amazônia Legal. A plataforma do Acre é um grande exemplo de que podemos ter uma rede estruturada que nos forneça dados de qualidade em tempo real. Que essa plataforma possa servir de exemplo para todos os outros estados e assim possamos avançar na implementação na nova lei da qualidade do ar (lei nº 14.850/2024)”, afirma Filipe Arruda, pesquisador do IPAM.
O programa foi construído com uma arquitetura tecnológica robusta, combinando banco de dados em PostgreSQL, automações em Python e ferramentas avançadas de visualização web. Todo o sistema inclui etapas de checagem e ajuste dos dados, o que assegura que as informações disponibilizadas ao público sejam mais precisas e confiáveis.
A iniciativa é uma cooperação técnico-científica de instituições locais, nacionais e internacionais. A plataforma foi desenvolvida em parceria com o LabGAMA-UFAC (Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente) e o MPAC (Ministério Público do Estado do Acre), reforçando a integração entre ciência, tecnologia e gestão ambiental no Estado. A iniciativa fortalece o monitoramento contínuo da qualidade do ar, tornando as informações acessíveis a gestores, pesquisadores e à sociedade civil.
*Analista de comunicação do IPAM.


