No início de setembro deste ano, Mário Juruna, o primeiro indígena a ocupar uma cadeira no parlamento brasileiro, completaria 80 anos. Eleito em 1982, Mário era de origem Xavante e foi o primeiro deputado a lutar pelos direitos indígenas, um marco histórico para o bem do país. Faleceu em 2002.
Desde então, os povos indígenas ainda lutam pelos seus direitos, mas também continuam protagonistas de grandes momentos históricos. Um deles foi a eleição do escritor, filósofo, professor, ambientalista e líder ativista da causa dos povos originários, Ailton Krenak, para a Academia Brasileira de Letras (ABL), nesta quinta-feira (5).
“E não foi uma eleição qualquer. Outro indígena, Daniel Munduruku, um dos mais importantes escritores do país, também concorreu à vaga. Esta eleição com dois indígenas e a posse de Krenak, é, como em 1982 com Juruna, mais um marco histórico para o bem do país e dos brasileiros”, ressalta Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM.
Ailton Krenak, que ocupará a cadeira que pertencia a José Murilo de Carvalho, é autor de diversos livros, entre eles, “Ideias para adiar o fim do mundo”, “A vida não é útil” e “O Amanhã não está à venda”. Suas obras foram traduzidas para mais de treze países.
Sua chegada à instituição traz reconhecimento não só ao trabalho de Krenak, mas à cultura ancestral e sua relevância para avançarmos rumo a um futuro mais justo e promissor a todos os habitantes da terra.
“É um reforço da necessidade de escutar o que as vozes dos povos originários têm a dizer e como elas podem contribuir com a vida no planeta. Feliz é o país que pode ter uma pessoa como o Krenak como um dos guardiões da sua língua”, afirma o diretor executivo do IPAM, André Guimarães.