A saída do ministro que mais desfez as políticas ambientais do Brasil, Ricardo Salles, não terá reflexo significativo se não vier com profundas mudanças. Urge combater a ilegalidade e a apropriação das florestas públicas, proteger os direitos das populações tradicionais, estimular práticas sustentáveis de produção e recolocar o Brasil como protagonista do tema sobre mudança do clima.
O novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, entra com grandes desafios em relação aos números negativos – maio com recorde de desmatamento e queimadas na Amazônia, e grilagem em alta nas florestas públicas – e a percepção de compradores e investidores nacionais e internacionais de que o país não tem intenção de manter uma política ambiental responsável.
Para esse quadro mudar, não basta trocar o ministro. É hora de ações reais, com resultados concretos, tanto do Executivo como do Legislativo, onde pautas contrárias à agenda ambiental correm com velocidade e são defendidas pelos aliados do governo.
Os brasileiros esperam que o governo aja para proteger e conservar a Amazônia, reconhecendo sua importância para o equilíbrio do clima do planeta, e o papel fundamental das populações tradicionais na conservação da floresta, como mostra pesquisa de opinião pública encomendada recentemente pelo IPAM.
Que a vontade da população sirva de baliza para o novo ministro e para os parlamentares: o Brasil pode e deve dar o exemplo para o mundo, como já foi feito no passado e como podemos fazer no presente.