Em audiência pública no Senado Federal, André Guimarães, diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), disse, nesta terça-feira (14), esperar ‘um debate mais sério’ sobre o fim da exploração do petróleo. Enviado Especial da Sociedade Civil para a COP30, ele reforçou que o debate ainda é superficial.
“Essa casa poderia puxar um debate muito sério. E não é um debate apenas sobre petróleo, se a Petrobras pode ou não furar o posto de petróleo, se o IBAMA está licenciando rapidamente os rendimentos. Furar e explorar petróleo em 2025, no Brasil, é algo que nos interessa como nação ? Eu estou convicto que não”, reforçou.
André Guimarães chamou a atenção para o fato de que o debate sobre a exploração de petróleo precisa abranger os impactos sob a segurança alimentar. “O Brasil explorar petróleo é dar um tiro no pé, mas um tiro grande. Por quê? Mais petróleo, mais carbono na atmosfera, mais temperatura, menos água no sistema, floresta seca, agricultura fica comprometida”, disse. “Se a gente não atentar para isso, nós vamos ter um problema econômico no Brasil, porque dependemos de exportação de commodities agrícolas para poder fechar as contas do país”.
O diretor executivo do IPAM defende um debate sobre alternativas na produção de combustíveis. “Alguém já discutiu se a gente pode substituir todos os combustíveis líquidos, fósseis, do Brasil, por biocombustíveis? Alguém já viu essa conta? Quantos hectares nós vamos precisar de cana, ou de soja, ou de macaúba, ou de dendê para substituir diesel e gasolina? Nós sabemos isso? Não. Sem saber disso, a gente vai furar mais um poço de petróleo para produzir mais diesel e gasolina? Então, precisamos conversar mais seriamente sobre essas questões”, argumentou.
Adriana Pinheiro, assessora de Incidência Política do Observatório do Clima, reforçou que a COP30 é uma oportunidade para debater a transição energética e o afastamento gradual dos combustíveis fósseis.
“Entendemos e defendemos que se deve investir na produção de petróleo em áreas já abertas, não piorar o problema e abrir novos blocos. Lembrando que as novas aberturas só irão produzir daqui a dez anos: primeiro é a perfuração e depois a produção de fato. O cronograma não está batendo, já que tem uma expectativa de a demanda do petróleo cair. Portanto, não faz sentido a gente ampliar e continuar investindo na exploração do petróleo”, afirmou.
A audiência contou ainda com a participação de Marina Piatto, diretora executivo do Imaflora, Willian Wills, do Centro Brasil no Clima; e Robson Formica, da Coordenação Nacional do Movimento de Atingidos por Barragens, e foi conduzida pela senadora Leila Barros (PDT-DF), presidente da Subcomissão Temporária para acompanhamento dos preparativos para realização da COP30.