Propor a criação de oportunidades e ambientes catalisadores de bionegócios, bem como um espaço de inovação para a interação entre os setores de produção, investimento, mercado, pesquisa, governo e sociedade civil. Esses são alguns dos objetivos do Bio Business Pará, realizado na última quinta-feira (16), na Estação das Docas, em Belém. A abertura contou com a participação da cantora paraense Juliana Sinimbú e o encerramento foi feito por Gabriel Xavier.
A iniciativa é organizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas/PA) com a parceria do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e tem o apoio da Embaixada do Reino Unido.
O encontro é uma das ações contidas no Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) e propôs a criação de novos produtos, serviços, negócios e soluções baseadas na natureza inspirados em seus ativos ambientais com alta tecnologia, conhecimento e valor agregado.
Produtos feitos com a escama de peixe, com a borra e caroço de açaí, látex da seringueira, por exemplo, foram expostos durante o evento com desfiles valorizando as peças e as pessoas da Amazônia.
“É a junção da ciência e do conhecimento tradicional como agregação de valor que não só mostra a nossa ancestralidade e a floresta amazônica como um potencial elemento da transformação econômica, mas como oportunidade também de negócios”, destacou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Mauro O’de Almeida.
O diretor de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do IPAM, Eugênio Pantoja, afirma que é preciso cada vez mais iniciativas que fortaleçam a bioeconomia, de modo a manter a floresta amazônica em pé, ao mesmo tempo em que fomentam o desenvolvimento econômico das pessoas que vivem na região. “Isso contribui para contermos a emergência climática e para o processo de inclusão econômica do Pará e da Amazônia num contexto nacional e global”, ressaltou.
Novidade – Uma das novidades do evento foi o processo seletivo de iniciativas de bioeconomia, oriundas das 12 regiões de integração do Estado: Cooperativa de Agroextrativismo da Comunidade do Urubutinga, Preciosa Amazônia, Jambu Sinimbu, Polo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais, Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha de São Salvador -ATAISS, Fazenda Bacuri, Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA), Cacauaré Cacau Nativo da Amazônia, Coopatrans, Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Iriri (Amoreri), Amazon Tasty e 100% Amazônia Exportação e Representação Ltda.
As iniciativas inscritas foram avaliadas por um comitê formado pelas instituições organizadoras com base em critérios definidos no edital. A intenção do edital foi alcançar iniciativas ligadas à bioeconomia de forma descentralizada e democrática. Além disso, a capacitação e o intercâmbio realizados durante o evento geram um ecossistema de negócios em bioeconomia cada vez mais forte.
“O objetivo é mostrar a cadeia produtiva, a floresta em pé, as pessoas que residem nela e mostrar aos possíveis investidores a importância que a gente tem para construir um mundo melhor”, disse Katia Fagundes, empreendedora da Da Tribu.
José Hailton Brilhante, presidente da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha de São Salvador (ATAISS), em Gurupá, representou 120 famílias que trabalham com sistemas agroflorestais plantando e colhendo açaí, buriti, óleo de andiroba, entre outros produtos da natureza. “Nós sabemos do papel da natureza para as nossas famílias e também para todo o mundo. Então, estar aqui é a oportunidade para buscar mecanismos de produzir mais, protegendo a natureza”, afirmou.
Para incentivar ainda mais as conexões entre as iniciativas de bioprodutos e bionegócios aos representantes dos diferentes setores, foi aplicada a metodologia matchmaking, combinada com a exposição de painéis dinâmicos intercalados a outras atividades, como desfile, apresentação cultural, dentre outros. Durante os intervalos, foram organizadas rodadas de negócios para que cada um dos setores pudesse ter contato com essas iniciativas de bioproduto, além de espaço para a exposição dos produtos físicos das iniciativas participantes.
Painéis – Durante o Bio Business foram realizados painéis dinâmicos para possibilitar diversas apresentações e atividades simultâneas voltadas a oportunidades de negociações. Nos painéis foram abordados os temas Mercado, Produção, Investimento e Inovação. Especialistas da área discutiram o desenvolvimento de uma economia sustentável na região, que valorize a floresta em pé e possa gerar renda para as populações locais. Houve ainda desfile com a temática da sustentabilidade e atrações culturais.
Anterior ao evento, as 12 iniciativas participaram de um workshop em que foram abordados temas como “Empreendedorismo: a força que transforma” a fim de ampliar o conhecimento dos participantes.
“Nós estamos em contato com as pessoas do campo, orientando a melhorarem as suas plantações, mas sem degradar o meio ambiente e abrindo mercado para essas pessoas”, citou o diretor superintendente do Sebrae/Pa, Rubens Magno.