Investimentos em manejo florestal e rastreabilidade possibilitam uma extração sustentável e socialmente justa, defendem os participantes do quarto episódio da série Amazoniar: Estabelecendo o Diálogo entre Brasil e Europa sobre a Amazônia, que foi ao ar nessa quinta-feira (28/01).
O debate, realizado on-line, abordou o desafio de certificar a origem da madeira retirada da região, assim como todo o caminho que ela percorre até o consumidor final.
Um dos grandes obstáculos para sufocar a ilegalidade, conforme destaca o biólogo Roberto Silva Waack, presidente do conselho Instituto Arapyaú, é fazer com que mecanismos de certificação e rastreabilidade sejam implementados de forma eficiente pelo Estado. Hoje, madeireiros que atuam fora da lei conseguem manter suas operações apoiados em registros que os certificam como legais.
Os produtos dessas operações chegam ao mercado com preços desproporcionalmente mais baixos, porque, apesar de documentados, não seguem os critérios de respeito e sustentabilidade. “Do ponto de vista de competição, é impossível”, resume Waack. “No passado, eu falava: eu tenho tudo aqui. Agora não, todo mundo tem todos os documentos . O sistema ilegal capturou todo o sistema de regulação e documentação de um produto.”
Assim como Waack, o gerente de Certificação Florestal do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), Leonardo Martin Sobral, ressalta a necessidade de fiscalizações governamentais eficientes. Sobral reforça que a “certificação não é a solução para todos os problemas”, mas diz ser possível uma equação sustentável, que foque, principalmente, no comprometimento dos madeireiros e do setor florestal com o manejo saudável da floresta. “A gente precisa, através de outros mecanismos de transparência, também mostrar que tem uma atividade madeireira que de repente não alcançou a certificação, mas que opera na legalidade”.
Valorização da floresta
Uma alternativa para atrair empreendimentos responsáveis é mudar o foco de conhecidos problemas que envolvem o setor e chamar atenção para o quanto práticas conscientes podem render em termos financeiros. “A madeira ligada ao manejo representa uma valorização do artigo florestal, gera oportunidade de restauração florestal, de toda uma economia da floresta tropical”, explica Waack.
Com uma extração justa e responsável, os madeireiros, a comunidade a qual pertencem, a floresta, o Estado, os empresários do ramo, os clientes e todos os demais elos envolvidos no processo se beneficiam. É necessário, segundo eles, um esforço conjunto por respostas que respeitem os interesses das diversas partes envolvidas. “A atividade madeireira na Amazônia é um fato, mas a gente quer que ela caminhe na direção da mata”, salientou o diretor executivo do IPAM, André Guimarães, que mediou o encontro.
O debate foi aberto ao público, que pode participar enviando perguntas pelo chat interativo.
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