O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) se manifesta com preocupação e indignação com a detenção pela Polícia da ONU da ativista indígena Txai Suruí, durante a COP16 da Biodiversidade, em Cali, na Colômbia. O episódio representa a tentativa de silenciar um direito inegociável, o de livre manifestação.
No ambiente das conferências ambientais da ONU (Clima, Biodiversidade e Desertificação), as manifestações e críticas da sociedade são elemento central na construção de caminhos para nosso futuro. Inibir tais ações de grupos organizados como os indígenas, representados pela Txai, além de coibir a livre manifestação, dificultam a busca de soluções para alguns dos maiores desafios da atualidade.
Txai Suruí usou o espaço legítimo, onde diversos atores internacionais discutem justamente o futuro da biodiversidade do planeta, para dar voz aos povos indígenas brasileiros preocupados com as consequências nefastas da imposição de um marco temporal no Brasil.
Em estudo recente, o IPAM já demonstrou que o marco temporal não apenas ameaça os direitos territoriais indígenas, como coloca em risco a segurança climática da Amazônia e do país.
Ao reprimir a líder indígena, vê-se uma dupla violência: contra a democracia e contra os povos e comunidades tradicionais que desejam apenas o direito legítimo de viver nas suas terras.
É importante que não somente durante a realização das COPs, como a COP 30, por exemplo, seja garantido aos povos e movimentos sociais organizados, o direito e espaço para a manifestação de seus desafios e problemas. Só assim será possível a construção de uma agenda socioambiental efetiva.
O IPAM se solidariza com Txai Suruí e espera que episódios como esses não voltem a se repetir.