Por Sara R. Leal*
Na semana do Meio Ambiente, dia comemorado oficialmente em 5 de junho, uma equipe de pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) realizou diversas ações em Alto Paraguai e em Querência, munícipios de Mato Grosso, e em Tomé-Açu, no Pará.
Saiba mais sobre as atividades:
Alto Paraguai
Em Alto Paraguai (MT), houve a solenidade de assinatura do Termo de Cooperação entre o IPAM e a prefeitura do município para implementar na região o Projeto “Criando condições para fortalecer a produção familiar rural na Amazônia brasileira”. A iniciativa é uma parceria entre o IPAM e a Fundação Walmart, cujo intuito é contribuir para a sustentabilidade e para a melhoria de vida dos produtores locais, a partir de soluções voltadas à uma economia de baixa emissão de carbono.
A parceria com a gestão municipal de Alto Paraguai visa a recuperação de áreas degradadas e a criação de bases para a proteção das cabeceiras do rio Paraguai, além de colocar em prática atividades de fortalecimento da agricultura familiar em 11 assentamentos no município. Até o dia 10 de junho, a equipe do IPAM fará visitas em assentamos de Alto Paraguai para selecionar famílias que irão participar do projeto.
“A intenção é elaborar e desenvolver ações, em conjunto, que possam auxiliar os Estados e os municípios a progredirem na agenda do desenvolvimento sustentável, beneficiando tanto a população local e sua economia como as metas climáticas globais”, afirma o diretor de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Instituto, Eugênio Pantoja.
O prefeito de Alto Paraguai, Adair José Alves, se diz otimista com a parceria. “Sabemos que o IPAM é um instituto renomado, com bastante experiência e seriedade. Estamos empolgados pois sabemos da importância do meio ambiente para a vida da população”, diz.
Para a secretária de Agricultura e Meio Ambiente de Alto Paraguai, Evanielle de Oliveira, ações como essa beneficiam as gerações atuais e futuras. “É preciso conservar nossos recursos naturais e manter vivo o berço do Pantanal, que nasce aqui”, afirma.
O coordenador do IPAM no Mato Grosso, Richard Smith, destaca que o município de Alto Paraguai abriga várias nascentes do rio Paraguai, que abastece todo o pantanal mato-grossense. “Por isso, é uma região extremamente importante e estratégica para que o bioma consiga manter a sua integridade e equilíbrio dos seus ecossistemas”, afirma. Segundo ele, o projeto busca não só recuperar áreas consideradas de manancial, como também melhorar a qualidade de vida dos produtores com o plantio de espécies que possam trazer uma renda adicional no futuro.
Além da solenidade, houve uma ação coletiva de plantio de mudas de espécies nativas em propriedades do assentamento Casulo para conscientizar a comunidade sobre a importância da recuperação de APPs (Áreas de Preservação Permanentes) com espécies nativas e a sua inter-relação com a produção de água e a manutenção da biodiversidade local.
Querência
No município de Querência (MT), os alunos da Emaque (Escola Agrícola de Querência) visitaram o viveiro municipal da cidade a fim de conhecerem todas as etapas de produção de mudas, doadas aos agricultores para recuperação de áreas degradadas, além de plantarem espécies nativas na escola.
“Pudemos aprender como fazer o plantio correto e entender melhor a importância de se conservar. Admiro a iniciativa e sou grato por ter participado dela”, afirma o estudante do curso técnico de agropecuária Marlon Barbosa.
Também foi realizado o plantio de espécies nativas na propriedade do agricultor Eliandro Dalbello, localizada no PA (Projeto de Assentamento) Pingo d’Água, com o intuito de recuperar uma APP de nascente. Para o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Querência, Rodrigo Fenner, a parceria com o IPAM irá trazer bons frutos para a região.
As iniciativas foram feitas em parceira com a prefeitura do município e fazem parte dos projetos do IPAM “Agroflorestas de Querência”, financiado pelo REM (REDD+ Early Movers), que tem como principal objetivo fortalecer as cadeias produtivas sustentáveis da agricultura familiar, capazes de contribuir na promoção do restauro produtivo, na geração de renda e na consolidação da política estadual de agricultura familiar do Estado mato-grossense e do projeto “Criando condições para fortalecer os pequenos produtores na Amazônia brasileira”.
Tomé-Açu
No Estado ao lado, Tomé-Açu (PA) recebeu ações ligadas ao Projeto “Restauração Florestal: SAFs (Sistemas Agroflorestais) e Regeneração Natural em Tomé-Açu”, que tem por objetivo restaurar 80 hectares de áreas degradadas de 55 imóveis rurais da agricultura familiar no município paraense.
Nos dias 4 e 5 de junho, foram realizados dias de campo com a participação de beneficiários do projeto, parceiros, equipe técnica, bem como da diplomacia da embaixada dos Países Baixos no Brasil para troca de informações dos procedimentos técnicos, sociais e ambientais adotados para promover a restauração na Amazônia.
“É gratificante conhecer essas áreas que, antes, eram pastos improdutivos, por exemplo, e agora estão se transformando em sistemas agroflorestais, aumentando a produtividade, e ainda conservando matas ciliares”, comemora o coordenador do IPAM no Pará e pesquisador, Edivan Carvalho.
Além dos dias de campo, houve uma reunião na sede da CAMTA (Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu), onde se discutiu a implantação de SAFs para recuperar áreas degradadas, com orientação de boas práticas de manejo na cobertura do solo, composição de espécies e arranjo dos sistemas, além de aspectos ligados à economia, mercado e agroindustrialização dos produtos oriundos dos SAFs, bem como dos serviços ecossistêmicos promovidos por este sistema produtivo.
O projeto é desenvolvido pelo IPAM com o apoio da CI-BRASIL (Conservação Internacional), em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap); a Emater– Esloc Tomé-Açu (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará); o Ideflor-Bio (Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará); a Semagri (Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento de Tomé-Açu); a Semma (Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Tomé-Açu); o Sttr (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Tomé-Açu); o Sintraf (Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Tomé-Açu); e a Camta.
“Todas estas iniciativas fazem parte de um conjunto de esforços de quase duas décadas do IPAM e diversas organizações parceiras, na promoção da recuperação de áreas degradadas e alteradas com a introdução de sistemas agroflorestais. Este modelo tem apresentado resultados importantes para as famílias envolvidas nos projetos”, afirma a diretora-adjunta de Desenvolvimento Territorial no IPAM, Lucimar Souza.
*Jornalista e analista de Comunicação no IPAM, sara.pereira@ipam.org.br