Suellen Nunes*
Com a proposta de valorizar experiências concretas, dar visibilidade a negócios sustentáveis que atuam no território amazônico e fomentar o diálogo sobre inovação, políticas públicas e fortalecimento da bioeconomia na prática, o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) participou do painel “Bioindústria na Amazônia – Inovação, Sustentabilidade e Transformação”, realizado em Belém, no Pará, no dia 24 de agosto.
Na oportunidade, foram apresentados os primeiros resultados do mapeamento da bioindústria na Amazônia Legal, iniciativa conjunta ainda em execução, entre o IPAM e a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial); Além do fomento ao diálogo com empreendedores locais sobre os desafios e oportunidades para a consolidação de um setor bioindustrial sustentável, inclusivo e conectado com os territórios.
A atividade integrou a programação oficial do NexBio – um programa de inovação bilateral entre Brasil e Suíça, focado em promover soluções sustentáveis para a região amazônica, especialmente na área da bioeconomia – e foi organizada em parceria do IPAM com a ABDI.
O evento reuniu pesquisadores, empreendedores e representantes de instituições públicas e privadas para discutir os caminhos para o fortalecimento da bioeconomia na região, com foco no papel estratégico das bioindústrias amazônicas. Houve um painel com empreendedores que fazem parte do mapeamento das bioindústrias na Amazônia. O encontro destacou como essas iniciativas são fundamentais para o desenvolvimento sustentável da região.
“Participar deste painel foi uma experiência extremamente enriquecedora. Não apenas pelo aprendizado pessoal, mas também pela evolução que a minha empresa tem alcançado com o contato direto com outros empreendedores e organizações. A troca de experiências, a visibilidade das iniciativas na Amazônia e a percepção de que estamos todos conectados por um propósito comum é algo que motiva a continuar o trabalho”, afirmou Gilberto Nobumasa, empreendedor participante.
Dados da Bioindústria
A equipe do projeto “Bioindústria na Amazônia” mapeou cerca de 11 mil empreendimentos associados à sociobiodiversidade na região. Desses, quase seis mil são considerados potenciais bioindústrias. Esses dados estão sendo sistematizados em uma plataforma digital interativa que permitirá análises sobre produção local. Com essa ferramenta, será possível compreender as dinâmicas econômicas e sociais da região, promovendo uma visão integrada do cenário empresarial amazônico.
Além do mapeamento e da análise de dados, o projeto visa identificar áreas estratégicas com grande potencial para o crescimento de bioindústrias. A seleção desses territórios levará em conta aspectos como a disponibilidade de matérias-primas, a organização social das comunidades, a infraestrutura técnica existente e as iniciativas locais em andamento.
“A bioeconomia tem potencial para se consolidar como um vetor de desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal, desde que apoiada por políticas públicas que reconheçam os ativos socioculturais e ambientais da região. A construção de arranjos políticos e programáticos entre diferentes níveis de governo é fundamental para criar as condições habilitantes à sua implementação. A partir dessa base, é possível estruturar instrumentos normativos, fiscais e financeiros que fortaleçam cadeias produtivas sustentáveis, valorizem os saberes locais e atraiam investimentos comprometidos com a conservação da floresta e o bem-estar das populações amazônicas”, afirma Gabriela Savian, diretora de Políticas Públicas do IPAM.
Negócio Sustentável
O objetivo do mapeamento é desenvolver estratégias que favoreçam a expansão de negócios sustentáveis, promovendo a inovação, a conservação ambiental e a geração de renda diretamente nas comunidades da Amazônia.
“Ao mapear e compreender melhor as bioindústrias amazônicas, podemos fortalecer cadeias produtivas locais, ampliar a visibilidade de empreendedores que geram impacto positivo em seus territórios e contribuir com dados e evidências para a formulação de políticas públicas mais conectadas com a realidade da região. Para as comunidades, isso significa mais acesso, mais oportunidades e o reconhecimento de que produzir a partir da floresta, com respeito e inovação, é um caminho legítimo de desenvolvimento”, explica Rafaela Reis, pesquisadora de Políticas Públicas do IPAM.
A edição da NexBio de 2025 concentra suas ações nos estados do Pará e do Amazonas, regiões estratégicas para o avanço de iniciativas em bioeconomia devido à sua infraestrutura, diversidade biológica e protagonismo das comunidades locais. Ao integrar ciência, inovação e saberes tradicionais, o programa busca impulsionar novos modelos de desenvolvimento que valorizem a floresta em pé e promovam a inclusão social e a sustentabilidade na região amazônica.
“A bioindústria na Amazônia precisa ser pensada a partir do território, das comunidades e da floresta. Não se trata de reproduzir modelos industriais tradicionais, mas de fortalecer um ecossistema produtivo que respeite a sociobiodiversidade e contribua para a geração de renda e a conservação ambiental”, concluiu Reis durante sua participação no painel.
Analista de comunicação do IPAM*



