IPAM participa da primeira edição do Floresta Pará 2022, em Belém

10 de novembro de 2022 | Notícias

nov 10, 2022 | Notícias

POR SARA LEAL*

“A perda dos serviços ecossistêmicos que ocorre com a derrubada das florestas na Amazônia Legal ameaça a segurança alimentar, hídrica e energética, além das fontes de renda da população local”. A afirmação foi feita pela pesquisadora no IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) Erika Pinto durante a primeira edição do “Floresta Pará 2022: Caminho para a Sustentabilidade”, realizada entre os dias 8 e 10 de novembro em Belém, no Pará.

O evento foi promovido pelo governo do Estado do Pará, por meio do Ideflor-Bio (Instituto de Desenvolvimento Florestal e Biodiversidade), com o objetivo de integrar diversos setores de desenvolvimento florestal sustentável. A oportunidade abriu espaço para a discussão e a socialização do conhecimento técnico e científico, para intercâmbios cultural e de saberes, a fim de expandir o setor econômico de base florestal.

A pesquisadora participou do debate “A floresta e os serviços ecossistêmicos”, no dia 9 de novembro, dividindo a mesa com o pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e Prêmio Nobel da Paz pelo IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas), Philip Fearnside.

A hora é agora

Durante sua fala, a pesquisadora mostrou dados recentes publicados em artigos científicos. “O desmatamento – e seu efeito nas mudanças climáticas – trará perdas econômicas nos próximos anos para a região. Somente na cadeia da carne bovina, estudos estimam uma perda de 180 bilhões de dólares até 2050 se não fizermos nada agora”, enfatizou.

Fearnside, por sua vez, deu enfoque nos impactos das mudanças climáticas que, segundo ele, já são percebidos em diversos países, como queimadas em proporções alarmantes, enchentes, furacões, dentre outros eventos extremos. Falou ainda da importância de manter a floresta em pé e seus serviços ecossistêmicos, especialmente no que diz respeito à água, biodiversidade e carbono incorporado à biomassa.

Érika Pinto também apresentou uma experiência de PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) conduzida pelo IPAM com recursos do Fundo Amazônia entre 2013 e 2017, cujo objetivo era garantir a redução de desmatamento e geração de renda em territórios ocupados pela agricultura familiar.

O projeto PAS (Programa Assentamentos Sustentáveis) foi implementado na região da Transamazônica e beneficiou mais de 300 famílias com PSA, assistência técnica e extensão rural, apoio a melhoria das atividades produtivas nas áreas abertas, fortalecimento da governança local, entre outras estratégias. A iniciativa aumentou a renda bruta das famílias proveniente das atividades agropecuárias em 180% e reduziu o desmatamento em 80%.

Na ocasião, a pesquisadora citou a lei 14.119/2021, que institui a Política Nacional de PSA e a proposta de regulamentação apresentada este ano para o poder executivo e para o Congresso Nacional, construída por mais de 30 entidades que fazem parte da Força Tarefa de PSA da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, incluindo o IPAM.

Economia que vem da floresta

No mesmo dia, o pesquisador e coordenador do IPAM no estado do Pará, Edivan Carvalho, conduziu a mesa redonda “Potencial da Bioeconomia da floresta: diversidade, produtividade, produção e mercado”, composta pelos palestrantes Yago Borges (SEMAS), Danilo Fernandes (UFPA), Arimar Feitosa (COMFLONA), José Ivanildo (CNS) e Cindy Luyne (Banpará).

As discussões refletiram sobre os desafios e oportunidades para consolidar um modelo de desenvolvimento no Pará, baseado na economia da floresta e da valorização das populações originárias. “O evento foi uma excelente oportunidade para promover ações de valorização dos produtos e serviços da sociobiodiversidade e das populações que vivem na floresta, sendo este um importante caminho para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”. afirma Carvalho.

 

*Jornalista no IPAM, sara.pereira@ipam.org.br



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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