Por Sara Leal*
37 indígenas do território Krikati, no estado do Maranhão, participaram de duas formações realizadas pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e Woodwell Climate Research Center no mês de junho.
Mulheres da brigada voluntária da terra indígena Krikati, representantes de quatro aldeias, receberam o Curso Básico de SIG (Sistema de Informação Geográfica) – Mapeamento de Áreas Queimadas e Restauração para aperfeiçoar o trabalho de combate e prevenção a incêndios já realizado por elas.
A formação alia o conhecimento tradicional das indígenas à tecnologia de base de dados geoespaciais que facilitam a elaboração de mapas para monitoramento do território. Ainda, apoia as metas estabelecidas no PPCDQ (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas) do Maranhão, contribuindo para a implementação de um plano para prevenção e controle dos incêndios florestais no Estado.
“O intuito é fortalecer as brigadas voluntárias e sua atuação no território, as reconhecendo como parte fundamental na gestão e governança do fogo na região. Com o curso, as brigadistas passam a ter mais autonomia e liberdade para entenderem as dinâmicas próprias da terra indígena e alcançar seus objetivos”, explica Alicia de Almeida, analista de pesquisa do IPAM e uma das facilitadoras.
Para continuidade da formação, foram doados equipamentos como celulares, computador com os programas necessários para monitoramento instalados, e dois HDs externos.
Segundo Vilma Hajacreh Krikati, da aldeia Ronhyh e integrante da brigada feminina voluntária, o grupo foi criado em 2018. “Tinham muitas queimas na nossa área e só os brigadistas oficiais não eram suficientes. Percebemos que a região dependia da força da gente, então nos unimos a eles”.
Zilma Xu’capric Krikati, da aldeia Cyypej, é voluntária na brigada feminina como educadora ambiental. “Foi interessante aprender a fazer o mapa do nosso território. Isso vai nos ajudar com o nosso trabalho, não podemos parar”, diz.
Ecoando a mensagem
A Oficina de Comunicação Básica – Ecoando a Mensagem foi realizada para representantes indígenas de 16 aldeias Krikati.
“Durante três dias mostramos algumas técnicas básicas para construção de notícias e edição de vídeos para que eles possam transmitir, da melhor forma, toda a cultura e conhecimento do território que eles já têm. Ao final, conseguiram desenvolver ótimos materiais”, afirma Maria Garcia, analista de Comunicação do IPAM e uma das facilitadoras do curso.
Saulo Jaaco Krikati, da aldeia São José, é um dos comunicadores da região que participou da formação. “Foi muito interessante juntar com pessoas de outras aldeias. Esse tipo de curso é muito importante para nós, especialmente jovens, que capturamos e registramos nossas histórias”.
“Gostei de fazer na prática. É importante nós mesmos aprendermos para filmar nossas tradições e mostrar para o nosso povo que somos capazes de divulgar para que os brancos também conheçam nossa cultura”, diz Joseane Cohmxi Krikati, da Aldeia São José.
O curso de comunicação foi viabilizado pela iniciativa Proteja, através do Programa Proteja Educa, que tem como objetivo oferecer formação e ferramentas para que povos indígenas e comunidades tradicionais divulguem seu conhecimento e exponham sua realidade.
*Coordenadora de Comunicação