IPAM e parceiros promovem recuperação de áreas degradadas em Tomé-Açu

8 de agosto de 2025 | Notícias

ago 8, 2025 | Notícias

Suellen Nunes*

Com a meta de restaurar 100 hectares de áreas degradadas no Pará, o projeto “Restauração Florestal na Amazônia” avança nos municípios de Belterra e Tomé-Açu, no Pará. A iniciativa, realizada pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em parceria com o Grupo Energisa, organizações da sociedade civil e de governos, combina a recuperação ambiental com ações voltadas à geração de renda para agricultores familiares. Nos dias 4 e 5 de agosto, foram feitas visitas de campo em Tomé-Açu para acompanhar o progresso das atividades.

Até o momento, já foram restaurados 98,371 hectares, beneficiando 87 famílias agricultoras e totalizando 29.325 mudas implantadas, entre espécies florestais e de interesse econômico. As visitas permitiram o acompanhamento técnico das áreas, o diálogo com os beneficiários e a avaliação dos impactos ambientais e sociais da iniciativa.

“Além do impacto ambiental, buscamos melhorar a vida das pessoas com produção de alimentos e geração de renda. Os participantes estão muito comprometidos e, mesmo com o desafio do prazo de três anos para consolidar o sistema agroflorestal, acreditamos que já estarão aptos a manter seus próprios sistemas. Nosso foco é garantir autonomia e sustentabilidade para as famílias no longo prazo”, explicou Edivan Carvalho, coordenador estadual do IPAM.

Iniciativa ambiental e social

O diferencial do projeto está na integração entre ciência, conhecimento tradicional e agricultura regenerativa, promovendo um modelo de restauração produtiva. A implantação dos SAFs (Sistemas Agroflorestais) como negócio de impacto busca aliar serviços ecossistêmicos à melhoria da segurança alimentar e da renda local.

“Trabalho com reflorestamento há oito anos, mas foi a primeira vez que tive contato com um projeto de SAFs, e me surpreendeu. O IPAM trouxe não só a área para plantio, mas um diferencial social. O SAF gera pertencimento, segurança alimentar e renda, dando sentido à floresta em pé. Ver famílias colhendo e repassando esse conhecimento é gratificante. O reflorestamento deixa de ser só obrigação ambiental e se torna ferramenta de transformação social”, destacou Julyanne Estrella, analista ambiental da Energisa.

Os sistemas agroflorestais implantados seguem arranjos produtivos compostos por culturas perenes combinadas com espécies florestais nativas da região. Durante as fases de implantação e condução dos SAFs, são introduzidas culturas de ciclo curto e médio, o que amplia as oportunidades de geração de renda e fortalece a segurança alimentar das famílias agricultoras.

“Da ponte de Tomé-Açu pra cá é uma realidade, da ponte pra lá é outra. Lá o pessoal já trabalha com agrofloresta há muito tempo, tem mais apoio, solo melhor, a colônia japonesa também ajudou muito nisso. Aqui do nosso lado está começando agora, com a chegada do IPAM ajudando a expandir o SAFTA (Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu), que é esse sistema que mistura roça com floresta. Já tem uns 50 produtores daqui envolvidos, e a gente espera que cresça mais”, contou o agricultor familiar João da Silva.

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Modelo de agricultura diferenciados

O modelo de SAF adotado prevê, no mínimo, sete espécies por área, sendo três frutíferas e quatro florestais. Um exemplo de arranjo utilizado inclui culturas como cacau, açaí e banana, associadas a espécies florestais como cumaru, andiroba, tatajuba e ipê-rosa. A composição pode variar conforme a realidade produtiva e o planejamento de cada família ou organização beneficiária. Ao atingir a fase adulta do sistema, a banana é retirada, permanecendo ao menos seis espécies no consórcio, garantindo diversidade ecológica e produtividade no longo prazo.

“Estou em transição, saindo do uso de agrotóxico e migrando para o orgânico, e sei que não é fácil, nada muda do dia pra noite. Mas esse projeto do IPAM ajuda muito, principalmente para nós, pequenos agricultores. Sem isso, muitos já teriam deixado suas terras, porque está cada vez mais difícil continuar. Ano passado, com a crise de mudança climática, perdi pimenta, perdi até açaí… este ano está um pouco melhor, mas ainda é instável”, explicou Fabíola Morais Ogushi, agricultora familiar e liderança sindical de Tomé-Açu.

A adoção dos sistemas agroflorestais no projeto tem gerado impacto direto na renda dos agricultores, ao aliar produção agrícola com técnicas de restauração. Além de promover ganhos econômicos, a iniciativa contribui para a conservação ambiental, reduzindo emissões de gases de efeito estufa, preservando a biodiversidade e fortalecendo os recursos hídricos nas regiões do Baixo Amazonas e Tapajós.

“Antes a gente não tinha condição de irrigar tudo, os pés de cacau sofriam. Já esse plantio aqui a gente sabe que, no verão, não vai morrer, porque tem água. Já consegui colher pimenta e bastante maracujá também. Na primeira safra, colhi aproximadamente dois mil quilos. Agora ainda tá verde, mas já sabemos que rendeu bem e que deve render mais”, explicou o agricultor Elielson Ares de Carvalho.

Analista de Comunicação do IPAM*



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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