Um incêndio de grande proporção atingiu áreas do Pantanal Mato-grossense, neste fim de semana, na região de Poconé (MT). Em dois dias, uma área de quase de mil hectares queimou, após o fogo se alastrar por propriedades rurais, atingindo vegetação nativa e pastos naturais.
O incêndio começou no sábado e, em dois dias, o fogo ainda não havia sido debelado. Segundo o Batalhão de Emergências Ambientais do estado, é a maior ocorrência registrada nesta temporada.
“No Pantanal temos áreas de campo vastas e algumas ilhas de floresta. Essa característica, somada ao vento, contribui bastante para direcionar o fogo e faz com que o incêndio se espalhe mais rápido e fique fora de controle”, diz a diretora de Ciência no IPAM, Ane Alencar.
Pesquisadoras do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e do Woodwell Climate Research Center, dos Estados Unidos, participam de uma expedição de campo para melhorar o uso de dados em combate a queimadas e incêndios. A viagem coincide com o lançamento hoje do novo relatório do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC), que mostra dados preocupantes sobre extremos climáticos para a América do Sul.
No Brasil, a temperatura pode subir entre 4ºC e 5ºC nas próximas décadas. “Um ambiente mais quente e seco deixa tudo mais inflamável. Hoje, qualquer fagulha já pode virar um incêndio. No futuro, a situação só vai piorar”, afirma Alencar.
A expedição, que iniciou na sexta-feira (6), tem como objetivo criar soluções para o controle mais eficiente de incêndios e queimadas, que se agravam no período da seca. É uma parceria entre IPAM, Woodwell Climate e o Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso e passa por três biomas: Cerrado, Pantanal e Amazônia. Um diário da viagem é compartilhado no Instagram do IPAM (www.instagram.com/ipam_amazonia).
“Para lidar com o fogo tem que haver estratégia e inteligência. Muitas vezes, é preciso esperar até o final da tarde, quando a temperatura e o vento baixam e a umidade relativa do ar aumenta, para ter um combate mais efetivo”, explica a coordenadora do projeto e pesquisadora do Woodwell Climate Manoela Machado.