Por Bibiana Alcântara Garrido*
Rodrigo Agostinho assume a presidência do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) nesta terça-feira, 28. No cargo, o ex-deputado federal pelo PSB de São Paulo tem um cenário de desafios para a reestruturação do órgão, na avaliação de Eugênio Pantoja, diretor de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial no IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
“Agostinho acompanhou, nesses últimos anos, o debate sobre os desafios da política ambiental. Tem conhecimento claro dos desafios e da necessidade de fortalecimento do Ibama, bem como das ações de comando e controle. Vai ser necessário olhar para dentro, porque o órgão está desestruturado: reorganizar processos; qualificar o quadro; elaborar e implementar uma estratégia de atuação será imprescindível”, afirma.
Membro titular do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) por mais de uma década, Rodrigo Agostinho foi presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, integrando, também, as comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
Os últimos quatro anos, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), aprofundaram o desmonte do Ibama. Dos mais de dois mil fiscais atuantes há 15 anos, hoje o órgão conta com 350 para todo o território nacional.
Enquanto o Ibama se enfraquecia, o crime organizado – com garimpo, grilagem e desmatamento ilegal – tomava conta de regiões da Amazônia e do Cerrado.
Só nas duas primeiras semanas de fevereiro, a derrubada na Amazônia bateu recorde. E no Cerrado, a fronteira agrícola segue como válvula de escape para setores do agronegócio que estão na contramão de um desenvolvimento social e ambientalmente justo, com vistas a um futuro de estabilidade climática. Povos, comunidades tradicionais e populações inteiras sofrem as consequências.
“O Brasil já voltou a ser protagonista no tema ambiental e climático, portanto, fortalecer órgãos de Estado, como o Ibama, é imperativo”, reforça Pantoja.
A atuação comprometida com o monitoramento, fiscalização e combate aos crimes ambientais e humanitários, como vimos em recente desdobramento na terra indigena Yanomami, mostra-se fundamental não apenas para o cumprimento das metas globais pelo clima, mas para a continuidade da vida em todas as suas formas.
*Jornalista no IPAM, bibiana.garrido@ipam.org.br