Com vistas a qualificar a discussão sobre estratégias de fortalecimento de feiras agroecológicas e orgânicas, um estudo coordenado pelo consórcio EcoConsult/IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), com o apoio da GIZ (Cooperação Alemã), foi realizado em quatro capitais amazônicas – Rio Branco, Macapá, Belém e Manaus – e no município de Santarém, no Pará. A pesquisa identificou o perfil de 16 estabelecimentos orgânicos e/ou agroecológicos da agricultura familiar e de 176 consumidores que circulavam nesses espaços.
“Ao diagnosticar o perfil das feiras, dos feirantes e dos consumidores, o levantamento orienta o debate sobre as melhorias necessárias para o fortalecimento dos espaços, aperfeiçoamento na sua gestão, ambiente regulatório, estratégias de comunicação, sensibilização dos consumidores, entre outros desafios”, explicou a pesquisadora do IPAM e coordenadora do estudo, Erika Pinto.
O aprimoramento das cadeias produtivas em feiras orgânicas e/ou agroecológicas, de acordo com a análise, pode impactar diversas frentes: 1) Contribui para a segurança alimentar e nutricional; 2) Gera renda e facilita o acesso a produtos mais saudáveis; 3) Auxilia na relação de confiança entre consumidores e produtores; 4) Amplia a oportunidade de oferta de produtos da sociobiodiversidade; 5) Fortalece a inclusão de gênero no empreendedorismo rural; 6) Conscientiza sobre os temas agroecologia, orgânicos e sociobiodiversidade.
O papel dos orgânicos na conservação
Segundo a pesquisa, na Amazônia, 60% dos produtos certificados orgânicos provém do extrativismo sustentável e colaboram com a manutenção, a consolidação e a recuperação de florestas. Os estados amazônicos possuem importantes redes de orgânicos, responsáveis por SPG (Sistemas Participativos de Garantia) e pela organização de feiras – um dos principais canais de comercialização das cooperativas e das associações da agricultura familiar.
Estima-se que há, atualmente, no Acre, Amazonas, Amapá e Pará, 78 feiras regulares, sendo 37 no Pará, 28 no Acre, 8 no Amazonas e 5 no Amapá. Desse total, cerca de 23 estabelecimentos comercializam produtos orgânicos. Esses espaços – tanto os orgânicos quanto os agroecológicos – exercem um papel fundamental no abastecimento alimentar de vários municípios e na geração de renda e de trabalho no campo.
Com o intuito de alinhar subsídios para a definição de estratégias capazes de contribuir com mudanças nos padrões de produção e consumo nas áreas consideradas, o estudo contou com o apoio de diversas organizações no levantamento de dados e discussão dos resultados, tais como a Rema (Rede Maniva de Agroecologia), ACS Amazônia (Associação de Certificação Socioparticipativa da Amazônia), Associação Tajapós Orgânico, Associação Pará Orgânicos, entre outras.
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