(Sharm El-Sheikh, Egito) Justiça Climática será o grande tema de abertura do Brazil Climate Action Hub (Brazil Hub) durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), nesta terça-feira, 8 de novembro, a partir das 5h, no horário de Brasília. O espaço, que pela terceira vez representa a sociedade civil brasileira na conferência, traz para discussão a questão dos Direitos Humanos e do Desenvolvimento ao tratar da importância das mulheres e dos quilombolas no combate às mudanças climáticas, do racismo ambiental e da falta de planejamento no processo de ocupação da Amazônia.
Com a presença de especialistas, o Brazil Hub realiza, em média, cinco eventos diários com transmissão ao vivo, acessada pelo site do Brazil Hub, para debater temas como financiamento climático, descarbonização, florestas, energia, adaptação, perdas e danos e juventude. Para detalhes sobre a programação completa de 8 a 18 de novembro, clique aqui. Fotos do HUB neste link.
Reino Unido anuncia nova parceria para proteção das florestas
O tema florestas, presente em diferentes dias da programação do Brazil Hub, foi um dos destaques desta segunda-feira, 7 de novembro, na COP. O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, lançou uma nova Parceria Florestas e Líderes Climáticos. Este novo grupo, inicialmente composto por cerca de 20 países da União Europeia, vai se reunir duas vezes por ano para acompanhar os compromissos sobre o marco das Florestas e da Declaração de Uso da Terra, definidos na COP26, que visam travar e inverter a perda florestal até 2030.
De acordo com o governo britânico, estão confirmadas mais de 150 milhões de libras esterlinas para proteger as florestas tropicais e os habitats naturais, incluindo a Bacia do Congo e a Amazônia. O pacote faz parte de uma série de anúncios de Rishi Sunak, que incluem transição energética e financiamento climático, ao entregar a presidência da COP ao Egito nesta segunda-feira (07/11). O primeiro-ministro se comprometeu a triplicar o financiamento para adaptação ao clima, de £ 500 milhões em 2019 para £ 1,5 bilhão em 2025.
Ainda dentro da programação do Brazil Hub, no dia 10 de novembro, haverá o painel “Aliança Brasil – República Democrática do Congo – Indonésia (Bics) para uma governança florestal justa e sustentável”, das 8h às 9h (horário de Brasília). Nos dias 12 e 14 de novembro, a temática será Floresta e Financiamento. No dia 15, Florestas, Implementação e Responsabilidade. Nesses dias, serão discutidas agendas relacionadas a estratégias para alcançar desmatamento zero, desenvolvimento sustentável, bioeconomia, grilagem e a cooperação dos países do Sul Global, entre outras. Confira a agenda completa das participações de especialistas do IPAM na COP 27 aqui.
Os eventos do Brazil HUB nesta terça-feira
Mulheres na Ação Climática
10h às 12h30 (Egito) / 5h às 7h30 (horário de Brasília)
Liderado pela The Nature Conservancy (TNC) no Brasil, Observatório do Clima, EmpoderaClima e Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE), o painel “Mulheres na ação climática” vai reunir lideranças femininas à frente de movimentos jovens, comunidades tradicionais, empresas e sociedade civil para compartilhar experiências de sucesso no enfrentamento às mudanças climáticas e debater os desafios e estratégias para manter a floresta em pé e contribuir no objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C até o fim do século.
Amazônia 2030
13h às 14h (Egito) / 8h às 9h (horário de Brasília)
Os maiores problemas da região amazônica também são a chave para seu desenvolvimento. Isso é o que os pesquisadores do projeto Amazônia 2030 chamam de “Paradoxo Amazônico”, tema do painel do Brazil Hub. O paradoxo é formado por três elementos-chave: 1. O fato de que há uma vasta área de floresta tropical ainda de pé; 2. A região tem mais pessoas economicamente ativas, entre 15 e 64 anos, em relação às crianças e aos idosos; 3. Além do estrago ambiental, o desmatamento deixou uma enorme área descoberta e mal utilizada, onde caberia toda a produção agrícola do país.
A luta social quilombola
14h30 às15h30 (Egito) / 9h30 às 10h30 (horário de Brasília)
O evento, organizado pela Conaq – Coordenação das Comunidades Rurais Quilombolas – abordará a resiliência quilombola no contexto das mudanças climáticas e eventos extremos. Também vai explorar a capacitação e estratégias de cooperação para ajudar os quilombolas a atuarem como agentes de mudança no contexto das mudanças climáticas.
Racismo climático
16h às 17h15 (Egito) / 11h às 12h15 (horário de Brasília)
Intitulado “O racismo ambiental e a emergência climática: vivências negras e interseccionalidades”, o último painel do dia aprofunda a denúncia sobre racismo ambiental no Brasil. Entre os temas abordados estão a intensidade das chuvas e seus impactos em territórios periféricos, racismo religioso e a resistência de mulheres negras à mudança do clima.
‘Terras que libertam – Histórias dos Cupertinos’]
17h30 às 19h (Egito) / 12h30 às 14h (horário de Brasília)
A apresentação da obra será a última atração do dia. Dirigido por Diomar Filho, o premiado documentário apresenta a trajetória de luta e resistência da população negra quilombola na Chapada Diamantina, Bahia. O filme mostra a liderança dos irmãos Júlio e Jaime Cupertino e lança luz sobre os conflitos e a luta pelo direito às terras ancestrais negras.
Mais sobre o Brazil Climate Action Hub
Espaço coordenado pelo iCS (Instituto Clima e Sociedade), IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e Instituto ClimaInfo, com apoio de diversas organizações, o Brazil Climate Action Hub tem como objetivo desenvolver e dar escala a soluções para a crise climática a partir dos países do Sul Global. Foi criado para a COP25 de Madri, em 2019, quando, por decisão do governo Bolsonaro, o Brasil ficou sem estande oficial. O Brazil Hub se tornou uma referência nacional ao apresentar estudos, iniciativas, soluções e experiências de políticas públicas desenvolvidas pela sociedade civil brasileira para alcançar os objetivos do Acordo de Paris.
Em 2021, em Glasgow, pluralidade e diversidade foram as marcas do Brazil Hub, com a realização de mais de 50 eventos, reuniões bilaterais e encontros entre organizações ambientalistas, participantes dos movimentos negros, quilombolas, indígenas, das juventudes e de famílias, além de políticos, empresários, cientistas, artistas e jornalistas.