Quem realiza as pesquisas sobre mudanças climáticas globais e seus efeitos para subsidiar as negociações internacionais? Estas pesquisas são confiáveis?

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (mais conhecido pela sigla em inglês IPCC) é reconhecido como a maior autoridade mundial em questões climáticas (http://www.ipcc.ch/). Estabelecido em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (WMO) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o IPCC tem o objetivo de melhorar o nível de entendimento científico sobre a mudança climática e é aberto à participação de todos os países membros das Nações Unidas. Seu papel é o de analisar as informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para o entendimento do processo de mudança climática e seus efeitos. Os estudos do IPCC subsidiam os governos e os grupos de técnicos envolvidos no debate sobre as alterações do clima e nas negociações internacionais para mitigá-las. O IPCC recomendou a criação de uma convenção internacional que tratasse das questões técnicas e políticas relacionadas ao enfrentamento dos impactos do aquecimento global e da redução das emissões de gases de efeito estufa (ver detalhes sobre esta convenção na  próxima questão).

Periodicamente, o IPCC estuda, compila e publica os dados disponíveis na literatura científica, oferecendo informações sobre estimativas de aumento da temperatura e dos vários efeitos das mudanças climáticas. Também permite ao público em geral ter acesso a estas informações cientificas através de publicações mais acessíveis. Seu processo de revisão dos dados é considerado de grande confiabilidade e é feito de forma transparente e com a participação de cientistas e especialistas do mundo inteiro.

Em 2007, no seu quarto relatório, o IPCC mostrou que, considerando o período de 1850 a 2005, os 12 últimos anos foram os que bateram todos os recordes de temperatura (com exceção ao ano de 1996), sendo 1998 o líder entre os anos mais quentes, seguido de 2005 (ver gráfico abaixo). O IPCC (6) também reconheceu oficialmente que a ação humana é a maior responsável pelo aquecimento do planeta a partir de suas emissões de dióxido de carbono (CO2) oriundas da queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso do solo, além das emissões de metano e óxido nitroso oriundas de atividades agrícolas. A concentração de dióxido de carbono na atmosfera em 2007 foi a maior registrada nos últimos 650.000 anos e o aquecimento climático representa agora uma certeza evidente a partir das observações de aumento na média global das temperaturas do ar e oceanos, derretimento de geleiras e aumento do nível do mar, entre outros efeitos claros.

 

A figura mostra as médias da temperatura global correspondentes desde 1850 até 2005. As curvas  representam valores médios decenais, enquanto que os pontos indicam valores anuais. As áreas sombreadas são os intervalos estimados. (2)

 

 

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(2) Le Quéré, C. et. al. 2009. Trends in the sources and sinks of carbon dioxide. Natural Geoscience, vol. 2

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